
Na semana passada perdemos o querido e inveterado velejador Walter Bromberg, associado do Veleiros do Sul que protagonizou inúmeras histórias inusitadas. Aí vai uma delas, contada pelo Manota:
Esta história ocorreu a bordo do “Sápeca” (é assim mesmo que se pronunciava). Navegando em contravento com destino à Bóia São Simão, marca de regata. A bordo, Lazlo Bohm e Walter Bromberg, co-proprietários do “Sápeca”, um barco de 27′, feito pelos dois tripulantes: Gilberto Costa e Manoel Calcanhoto (pai da Adriana, que nesta época “cantava” para pedir mamadeira). Gilberto estava ao leme, os demais saboreavam o almoço, como de costume, aquela comida “leve”, feita pelo Laszlo (nesta época, aí por 1968, ele estava em boa forma, além de ser mais jovem e, foi quando ele adquiriu o “formato” definitivo, lembrando uma bóia cega).
Manoel estava naquele estado “pré…”, quando se fala pouco, nada é engraçado, sente-se saudade até do cunhado. Já Laszlo e Walter batiam um papo animado, enquanto esvaziavam os pratos:
László – Eu só enjoei uma vez até hoje, foi no mar, no “Umuarama III”, foi culpa da lentilha que o Erwin Bier serviu, muito salgada.
Walter – eu nunca enjoei!
László – então, tu podes enjoar um dia!
Walter – acho que não, jamais senti o mais leve sinal!
László – duvido, sempre há uma primeira vez.
Walter – vou te provar que eu não enjôo.
Dito isto, meteu o dedo na goela e vomitou no próprio prato, que tornou a encher-se com o almoço recém ingerido. O pobre do Manoel aguentou na raça.
László – grande coisa, isso qualquer um faz.
Walter – ainda não terminei, espera um pouco.
E não é que o Walter recomeçou a almoçar, comendo aquilo que acabara de vomitar no prato!!!
Aí o Manoel não aguentou mais, disparou para o cockpit com tal velocidade que o Gilberto teve que segura-lo para não cair fora do barco. O pobre, após esta demonstração de capacidade “anti-enjoativa”, passou a alimentar os peixes pelo resto da velejada. Gilberto declinou ao convite de almoçar, quando chegou sua vez.
Manoel desinteressou-se pelo esporte, uma lástima.
Gilberto é o “Giba dos Catamarãs”, segue ativo.
Moral da história: “Jamais duvide de um alemão!”
(postado originalmente há uns 20 anos no Popa.com.br pelo saudoso Manotaço, o Carlos Altmayer Gonçalves, na crônica “László Böhm: histórias de varanda”).