Diário de Bordo: Veleiro Papillon em Paranaguá e Antonina
Em novo relato de sua recente navegada, os associados Vítor Pereira e Ana Mäler contam sobre sua velejada a bordo do veleiro Papillon em Paranaguá e Antonina, no Paraná.
No Diário de Bordo desta semana, o casal compartilha as histórias e experiências na região, destacando os aspectos das cidades e as características da vida a bordo. Confira:
“E então atracamos no ICP em Paranaguá...
Quando entramos pelo Canal da Galheta, já percebemos que o que seria 2 dias de parada técnica, se tornaria quase uma temporada pela região.
A Baía de Paranaguá é imensa, a passagem pela Ilha do Mel, a entrada no Rio Itiberê é mágica. Vegetação alinhada, canais, ilhas e muitos botos cinzas... Sim muitos botos por toda a baía que tem uma vida marinha exuberante.
A vida a bordo tem nos mostrado que não existem 2 dias iguais, ou pelos lugares, ou pelas manutenções, ou pelos improvisos ou ainda pelas pessoas que conhecemos em nossa jornada.
Atracar no ICP, onde as vagas são para 2 barcos de no máximo 40’ foi uma aula bem sucedida. Deve-se jogar com a correnteza, negociar com o vento e ficar esperto com as amarras.
Paranaguá teve início em sua colonização em 1550, se tornou município em 1648 e por muito tempo era por aqui que terminava na prática o Sul do Brasil no que diz respeito ao fluxo de pessoas e mercadorias. O interesse da coroa na época era a mineração de ouro, tem igrejas históricas como a da matriz edificada em 1571, a de São Benedito em 1600 e tantas outras coisas em um centro tombado pelo IPHAN.
Com tanta história por perto, decidimos então entrar mais pela baía e conhecer Antonina e Morretes, cidades tão importantes no desenvolvimento da região e por muito tempo rivais comerciais de Paranaguá.
A baía de Antonina é deslumbrante, calma e inspiradora, um espelho d’água que o barco só se movimenta com a correnteza típica do lugar. Vislumbrar a cidade do ponto de vista da água e ver o reflexo dela, de outros barcos no entorno foi mesmo um presente de Deus.
Cidade com muitas histórias, tanto que compramos um livro ”Antonina Frag-men-tos” para saber mais do local e com ele descobrimos muito dali.
Na estação ferroviária de Antonina, que data de 1885, embarcamos em uma Maria Fumaça com destino a Morretes, outro ponto imperdível da região. O vagão que viajamos foi usado por Getúlio Vargas e outras personalidades quando por aqui passaram.
Antonina é como uma Paraty, mais raiz, menos badalada e ainda um tanto mais original com muitas partes ainda intocadas de tempos passados.
Apesar de muito bem recebidos e abraçados pelo CNA (Clube Náutico de Antonina), vida que segue e zarpamos para Ilha do Teixeira, Eufrasina, Sucuriú e Ilha da Cotinga para mencionar apenas um lado desse lugar que é difícil descrever em palavras.
Em meio a nossas andanças pelas belas paisagens de Paranaguá ocorre nosso primeiro grande percalço. A nossa Linda, uma Shih-Tzu de 7 anos, adoeceu. Jogamos âncora em um ponto próximo a terra e levamos nossa tripulante canina em uma clínica veterinária 24 hs. Medicamos durante 2 dias, mas ainda sim a saúde dela não evoluiu o que nos obrigou a uma internação de 3 dias .... Parece que tudo parou, nossa atenção, energia e pensamentos foi só para ela. Remédios manipulados, precisaram ser feitos em Curitiba e tudo parece ficar mais complicado quando o assunto é de saúde de algum membro da nossa tripulação.
Quando ela retornou da internação, decidimos manter o barco próximo ao ICP até a Linda apresentar uma evolução no estado geral, e após 4 dias ela voltou a piorar, não aceitava mais a alimentação, estava abatida e então retornamos uma vez mais as vagas do Iate Clube para levá-la a uma nova internação, desta vez em outra clínica e com outro veterinário.
Quando as coisas se tornam mais tensas, a gente vê a falta que faz estar em uma vaga de Clube ou Marina com Energia, Água Potável, Uber e iFood.
Paranaguá é uma baía linda, abrigada, cheia de recantos a serem explorados, porém já venceu o tempo para nós, a situação de saúde da Linda nos abateu e o melhor nesse momento é ter a recuperação de nossa tripulante, traçar rota para outras águas, outras terras e novos desafios pois as aventuras no desconhecido nos motiva a seguir em frente.
Recebemos a informação de que a Linda está melhor, se alimentando e pronta para ter alta hoje, imaginem a nossa alegria. Então começamos a preparação do Papillon para uma nova etapa.... dessa vez rumo ao Iate Clube de Santos, onde pretendemos ter uma estada de 15 dias, visitar familiares na região, instalar equipamentos novos e principalmente deixar para trás essa aflição que nos abateu pela saúde da nossa amada tripulante canina!
Estamos aprendendo que na vida a bordo não existem 2 dias iguais, planos mudam, pessoas queridas ficam nos portos, o desconhecido é desejado e a gratidão é a palavra de ordem em nosso dia a dia.
Bons Ventos!”
Ana, Star, Linda e Vitor Pereira
Veleiro Papillon