“Atrevida” completa 100 anos de história. Confira mais sobre esse lendário veleiro!
Foto de abertura: Walter Michell / Divulgação
Vivendo seu centenário, o “Atrevida” possui uma das histórias mais incríveis e dramáticas do mundo náutico, sendo hoje um símbolo de resiliência e de beleza única para todos aqueles que puderam vê-lo e conhecem sua trajetória. De 1923, vindo para o Brasil em 1946, o “Atrevida” ainda se destaca em performance nas regatas, competindo em pé de igualdade com veleiros novos.
Idealizada por Nataniel Herreshoff no ano de 1922, a embarcação, originalmente denominada “Wildfire”, foi para a água no ano seguinte em Bristol, Rhode Island, a pedido do Comodoro do New York Yacht Club e que custou 76 mil dólares. Com 95 pés, a schooner se fez exclusiva por adotar a vela grande Marconi, diferente das caranguejas usadas na época, ganhando força no contravento.
Na década de 1940, Jorge Bhering de Mattos, comodoro do ICRJ, trouxe o “Wildfire” para o Brasil e, em seguida, o vendeu para Dirceu Fontoura que o batizou de “Atrevida”, vindo a se tornar o dono mais longevo do veleiro (38 anos). Com o passar do tempo, depois de receber visitas ilustres de presidentes, reis, rainhas e grandes artistas, o barco foi levado para o porto de Santos, tendo Auro de Moura Andrade como novo dono, recebendo algumas reformas durante esse período.
Ainda sim, chegados os anos 2000, o lendário barco acabou ficando sem os cuidados necessários e beirou o naufrágio na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Adquirido por Gilberto Miranda a preço de sucata, o “Atrevida” recebeu, em 2004, a devida atenção com uma reforma que durou 14 meses, restaurando seu desenho original e "ressuscitando” o glorioso veleiro.
Mesmo completando 100 anos de história, o “Atrevida” ainda não havia participado de uma refeno, estreando com o título da classe RGS e primeiro monocasco na edição de 2019, disputando com barcos novos e mostrando todo seu poderio de um experiente competidor com cara de jovem.
Nas suas últimas participações, como por exemplo a Semana de Clássicos de Punta del Este em 2023, a schooner ostentou a flâmula do VDS em mais uma marcante participação no evento. Os representantes do VDS a bordo foram: Átila Bohm, associado, filho do ex-comodoro Lazlo Bohm e skipper, André Gick como tático de bordo e Frederico Roth, trimmer da vela mestra. A tripulação foi composta por 14 pessoas e, atualmente, é propriedade de Alexandre Ferrari, de São Paulo.
Em comemoração ao centenário, o VDS conta com uma maquete do “Atrevida” na secretaria administrativa do Clube, cedida por Miguel Virgílio Petkovicz, sócio do VDS e tripulante do barco.
Algumas curiosidades sobre o famoso “Atrevida”:
Desloca um total de 85 toneladas sem carga e, carregado para regatas, chega a 90 toneladas;
Possui 210m² de vela grande, com 6 toneladas de pressão na adriça e escota;
O barco conta com cinco velas e mais um balão 530m²;
Já foi requisitado pela Guarda Costeira dos Estados Unidos para missões de patrulhamento durante a Segunda Guerra Mundial.