Velejadora solitária Izabel Pimentel encara agora o mar mais "casca" do globo

 

Por Antonio Alonso - Blog das águas

Izabel em foto de matéria de janeiro de 2007, quando ela sonhava com a Mini Transat. Hoje ela caminha para ser a primeira brasileira a dar a volta ao mundo sem paradas

Izabel Pimentel segue firme no caminho para se colocar como um fenômeno único da Vela brasileira. Depois de ser a primeira brasileira a cruzar o Atlântico sozinha, de ser a primeira a completar uma Mini Transat, ela agora está na parte mais dura de uma volta ao mundo em solitário. Izabel encara agora a vastidão de mar entre a Nova Zelândia e o cabo Horn, ao sul da América do Sul. Ali, onde ventos e correntes não encontram obstáculos naturais, as forças da natureza falam alto de verdade. Mesmo tripulações profissionais, como as da Volvo Ocean Race, já sofreram bastante por ali. Depois que Izabel contornar o cabo Horn, terá terminado a parte mais desafiadora da viagem.

Dar a Volta ao Mundo em solitário é um feito para constar no currículo até a quarta geração. Apesar de navegar desde os primórdios da história, o ser-humano só conseguiu dar a volta ao mundo a vela sem escalas e sozinho em 1969, no mesmo ano em que pisávamos na Lua! Ainda hoje, é muito maior o número de pessoas que subiram o Everest do que os que completaram o maior desafio náutico existente.

Muitos de vocês sabem que, apesar de conhecer a Izabel há muito tempo, eu acompanhei pouco esta aventura até aqui. Fiquei surpreso com o número de manifestações contrárias a minha opinião no post sobre a capotagem dela. A viagem de Izabel está sendo bem acompanhada desde o início em outros sites na internet. O mais atualizado que eu encontrei foi o Facebook de Marcos Lobo (clique aqui para acessar), que está sendo repercutido por vários velejadores e o pai da Izabel, que sempre serviu como um divulgador das aventuras da filha, tem escrito alguns textos em seu site (clique aqui). Se alguém quiser indicar outras fontes, fique a vontade para fazê-lo nos comentários.

Foi por meio do Facebook de Marcos Lobo que eu fiquei sabendo que há possibilidade de mar alto (de 8 a 10) metros para esta semana e que ela consertou o piloto automático, que também ficou avariado após a capotagem que eu relatei aqui. Mesmo navegando sob rizo (e algumas vezes mesmo sem a mestra, pelo que li dos relatos) ela tem grande chances de fazer ali sua melhor singradura da viagem (maior milhagem em 24 horas).

To be or not to be (expert)

Conheço a Izabel há pelo menos sete anos e cobri todas as travessias que ela fez. Mas faz bastante tempo que não falo com ela. Se eu não me engano, na última vez, ela ainda estava na França, toda feliz com o planejamento de sua viagem de volta ao mundo, e antes de partir para a travessia França-Brasil. Fico contente com as várias manifestações de apoio que ela recebeu aqui, e certamente merece. Numa resposta geral aos comentários, eu mantenho o que digo há todos esses anos. A Izabel é uma guerreira acima de tudo. Essa é a grande qualidade dela. Dizer que Oscar Schmidt não era um grande driblador não é diminuí-lo. Ele tinha um dom (a "mão-santa") que fazia dele um cara excepcional, o melhor que o Brasil já viu. Mas não driblava, não marcava etc. Izabel fez um grande trabalho de marinharia ao trocar a cruzeta no oceano austral, o que só aumenta o valor dessa velejadora que praticamente não sabia velejar quando a conheci. Era ruim de verdade. Ela superou tudo isso. Qual a vergonha em assumir isso? Ela cresceu, se dedicou, fez coisas que nenhum de nós fez.

Izabel Pimentel não tem super-poderes. Ela tem defeitos e qualidades que, juntos, a transformam numa mulher especial, como eu nunca vi igual. Fantasiar isso não é saudável, mas os comentários estão livres para quem quiser discordar.