Silvio Ramos termina sua viagem de volta ao mundo a bordo do Matajusi

 

O planejado não era demorar tanto, mas o empresário e velejador achou que valeria mais a pena aproveitar por mais tempo e com mais intensidade as maravilhas da viagem. Foi assim que os 13 meses viraram 49. Silvio Ramos conversou com Náutica Online sobre sua aventura, no mínimo, proveitosa

Por Daniela Mendes
Da redação da www.nautica.com.br

Foto: Reprodução
Silvio e Lilian Monteiro no Matajusi, depois de  concluírem a volta ao mundo

Depois de navegar em torno de 32 mil milhas náuticas, o velejador Silvio Ramos alcançou seu objetivo – completou uma volta ao mundo a bordo do veleiro Matajusi. Acompanhado por Lilian Monteiro, Silvio chegou na madrugada do último sábado (2), na ancoragem da praia do Abraão, em Angra dos Reis – mesmo local em que, em janeiro de 2009, deu partida à sua aventura, ou, como ele prefere chamar, seu próprio desafio.

“O que me motivou a fazer esta viagem foi um desafio que fiz a mim mesmo, quando, sem conhecer vela, navegação oceânica, decidi dar uma volta ao mundo. Queria fazer uma coisa completamente difícil e conseguir terminar o que me propus a fazer”, explica e ainda acrescenta que, até então, não sabia navegar em barco a vela, apenas a motor – aprendeu a velejar em poucos dias, apenas para cumprir o tal desafio.

No início, o programado era dar a volta ao mundo em 13 meses, mas a viagem acabou durando mais de quatro anos. Isso porque, segundo Silvio, eles foram aprendendo a “curtir” a viagem e todo cronograma planejado foi substituído pela simples vontade de ficar por mais ou menos tempo, de acordo com os sentimentos e com as estações climáticas.

A rota traçada inicialmente também foi alterada. O casal navegante passou, inclusive, por lugares que nenhum brasileiro havia passado antes. “Eu pensei: ‘se estamos dando uma volta ao mundo, vamos aproveitar, vamos fazer coisas diferentes, novas, que ninguém nunca fez’. Eu fiz o meu caminho, arrisquei um pouco mais (na rota) e valeu muito a pena”.

A bordo do veleiro RO400, fabricado no Brasil, a dupla passou pelo canal do Panamá, Oceano Pacífico, Oceano Índico, sul da África do Sul e Oceano Atlântico. Silvio fez algumas modificações no barco e reforços no casco, o que, segundo ele, salvou-os da morte: enquanto navegava ao sul de Madagascar, muito distante da costa, uma baleia colidiu com o casco do barco por duas vezes. “Se não fosse pelos reforços feitos antes da viagem, certamente o casco não aguentaria e seria uma situação muito crítica, pois estávamos numa localização onde era quase impossível ter socorro”, conta.

Durante a aventura, Silvio trabalhava para a empresa na qual era gerente-geral – hoje, ele é o dono. Em fases mais críticas, ele diz ter trabalhado de oito a dez horas por dia no escritório que montou no barco. Para ele, trabalhar durante a volta ao mundo fez muito bem ao negócio. “A cabeça fica mais livre para pensar em estratégias, o trabalho teve melhores resultados”.

Silvio diz que definiu seu próprio destino através da escolha da rota e que não pretende fazer outra volta ao mundo – esta já lhe trouxe as experiências mais maravilhosas. “Lembro de todos os sons, cheiros, gostos, cores, imagens, de todos os lugares diferentes, isto é um privilégio, o mais incrível da aventura”.