Beto Pandiani pronto para atravessar o Atlântico Sul em um veleiro sem cabine

O velejador e Igor Bely sairão da Cidade do Cabo no dia 10 de março e planejam chegar a Ilhabela, no litoral norte do Estado de São Paulo, no dia 6 de abril

Por ZDL Comunicação (SP)

O velejador Beto Pandiani finaliza sua preparação para o desafio de cruzar o Atlântico Sul a bordo de um catamarã sem cabine, sem motor e zero de conforto durante 30 dias ininterruptos. A largada para a aventura da Cidade do Cabo, na África do Sul, até Ilhabela, no Brasil, está marcada para 10 de março. O caminho terá tons dramáticos, como resume o velejador. "Nós vamos velejar ao norte nos primeiros seis dias. A rota é paralela à costa da África do Sul e da Namíbia. Passaremos na Costa dos Esqueletos que é a porção de terras desérticas desta costa tão inóspita no sul do continente africano", diz Beto Pandiani. O barco passará por diversos esqueletos de navios que naufragaram e foram parar nas areias do litoral. "Não existe um lugar na África tão mórbido e ao mesmo tempo belo como este".
A aventura uma das mais difíceis de sua carreira. Em linha reta são 3.600 milhas náuticas (6.660 quilômetros), mas a viagem se tornará ainda mais longa, já que Betão e seu parceiro Igor Bely precisarão aumentar em 40% o caminho fazendo uma parábola, o que vai dar ao todo 5.000 milhas náuticas (9.260 quilômetros).

 

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"A viagem será bem complicada. Vamos passar por regiões de ventos fortíssimos, principalmente no Cabo da Boa Esperança, conhecido também como das Tormentas. A média de ventos da expedição será de 25 nós. Além disso a água é muito fria, com muitos tubarões. Esta será a nossa maior permanência a bordo, já que o recorde era de 18 dias direto na Travessia do Pacífico, no final de 2007", revela Betão Pandiani. "

As outras seis viagens - Beto Pandiani realiza expedições pelos diversos mares do mundo, sempre catamarã sem cabine, desde 1994. Esta será sua sétima aventura. Em 1994 Betão organizou sua primeira expedição, que foi chamada de "Entre Trópicos". Ele zarpou de Miami para a Ilhabela em 289 dias no mar. Em 2000 foi a vez da "Rota Austral", partindo do Chile, cruzando o Cabo Horn - ponto alto da expedição - até a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em 170 dias. A "Travessia do Drake", em 2003, saiu de Ushuaia e cruzou a passagem entre a América do Sul e a Antártica. Foram 45 dias que deram a Beto Pandiani e Duncan Ross, seu parceiro de viagem, o título de primeiros velejadores a chegarem à Península Antártica em um barco sem cabine.

Em 2004 foi a vez de ir da Flórida à Nova Iorque, na regata Atlantic 1000, a mais longa prova para catamarãs do planeta. Já em 2005, na "Rota Boreal", foram três meses velejando de Nova Iorque até Sisimiut, na Groenlândia, enfrentando as terríveis condições climáticas polares. Entre 2007 e 2008, junto com Igor Bely, Beto Pandiani atravessou o Oceano Pacifico, partindo do Chile e chegando à Austrália. Foram 17 mil quilômetros percorridos, muitas semanas sem ver terra e mais um título: o de primeiros velejadores do mundo a cruzar o Pacífico Sul em um barco sem cabine.