Vendée Globe: passagem pelo 'ice gate' Crozet

Fonte: Nyse Arruda

Armel Le Cléac'h, do veleiro Banque Populaire, foi o primeiro a passar pelo 'ice gate' Crozet no oceano Índico. Os cinco barcos do grupo dianteiro optaram por diferentes estratégias – com MACIF, Virbac-Paprec 3, Cheminnéss Poujoulat mais a sul do líder e Hugo Boss radicalmente a sul. O anticiclone já alcançou este grupo e nas próximas 24 horas o vento deve abrandar, depois de uma velejada veloz ontem e nesta madrugada, com velocidades à volta dos 20 nós. Já Tanguy de Lamotte está com séria avaria num dos pilotos automáticos e na vela grande do veleiro Iniatitives Coeur (veja o vídeo na página seguinte).

Tanguy revient sur son problème d'hier por VendeeGlobeTV

A tática de Armel Le Cléac'h foi perfeita – ele conseguiu gerir a passagem pelas zonas de alta pressão atmosférica e marcou um rumo ao ponto mais oeste do segundo 'ice gate' Crozet, já no Índico, justamente quando o vento começa a diminuir de intensidade e agora prepara-se para seguir a sul em busca de ventos mais fortes. Seus rivais, mais a sul, ainda registavam um pouco mais de velocidade esta manhã, cerca de 2 nós a mais que o líder, mas logo irão sentir os efeitos do anticiclone.

 

François Gabart, do MACIF, em 2º lugar, contou que a madrugada passada foi de intenso trabalho a bordo, com constantes mudanças de vela para aproveitar os ventos instáveis. "O mar acalmou um pouco e o vento está a variar muito. Não consegui dormir e as temperaturas estão a baixar acentuadamente", disse Gabart que celebrou a sua estreia no oceano Índico com um jantar de 'foie gras', visto que na Barcelona World Race ele e Michel Desjoyeaux perderam o mastro antes de chegar ao Índico.

Bernard Stamm, do Cheminées Poujoulat, seguiu a sul antes de Jean-Pierre Dick, do Virbac Paprec 3, e hoje de manhã parecia que o skipper suíço colheu bons resultado, passando para o 3º lugar. Já o inglês Alex Thomson, do Hugo Boss, seguiu perto da latitude 44º Sul e vai aproveitar de um ventos mais estável e forte, mas ainda terá de cruzar o 'ice gate' na sua parte mais a leste.

O sistema de alta pressão atmosférica tem sido cruel para o segundo grupo de veleiros – Gamesa, SynerCiel e Mirabaud – num rumo mais a norte. Golding registava apenas 6 nós de velocidade. O trio perdeu 190 milhas de terreno em relação ao líder nas últimas 48 horas e soma agora um défice de mais de 700 milhas de distância.

Entretanto, o espanhol Javier Sansó, Acciona 100% EcoPower, só hoje conseguiu cruzar o primeiro 'ice gate' a sul do cabo da Boa Esperança, devido aos ventos fracos na rota. Já Tanguy de Lamotte, apesar dos problemas com o piloto automático e com a vela grande – uma peça da junção superior do piloto automático partiu-se fazendo com que o barco ficasse fora de controlo, adernando completamente e partindo as réguas da vela grande – está a conseguir um progresso estável na rota, ainda com ventos fortes de noroeste (25 a 40 nós). Ele aguarda uma acalmia do vento para poder efetuar as reparações.