Náufragos são resgatados por veleiro que participava de regata em Angra dos Reis

Jeni Andrade
Da Redação da www.nautica.com.br

Foto: Divulgação / Colégio Naval
Veleiro Sea Kiss conduziu os nove náufragos sãos e salvos à terra firme

Nove náufragos foram resgatados pelo veleiro Sea Kiss em meio à 33ª edição da Regata Colégio Naval, na tarde do último sábado, em Angra dos Reis. Os ventos sopravam fortes de leste no litoral sul do Rio de Janeiro, com rajadas próximas dos 36 km/h, quando o tripulante Eros Nóbrega, de 15 anos de idade, avistou apenas a proa de uma lancha que afundava. Os seis tripulantes baixaram as velas e foram de motor ao encontro da embarcação.

Surpresos, eles se depararam com nove pessoas – três crianças e três casais – que esperavam tranquilas nas águas da Baía da Ilha Grande, perto da Ilha dos Porcos, apoiadas em defensas, assentos da lancha e flutuantes (macarrões): “O mar estava muito encapelado e só conseguimos vê-los chegando bem perto, mas eles já tinham nos visto, por isso estavam calmos, apesar da preocupação com a lancha e com tudo que estava dentro dela”. Segundo Renato, o barco foi a pique muito rápido: “Quando alcançamos os tripulantes, a lancha já estava totalmente submersa”, relata o tripulante Renato Fernandes, que é oftalmologista e já foi médico do Corpo de Bombeiros.


Acostumado a lidar com emergências, Renato confessa: “Eu não acreditava no que estava vendo! O dono da embarcação, que tinha só três meses de uso, disse que o motor simplesmente parou de funcionar e que a bomba não deu vazão à água. Acho que eu fiquei mais preocupado com a situação do que eles, porque eu sabia do risco que corriam se não aparecesse ninguém para socorrê-los, já que estavam perto do canal de navegação dos navios”.


Quando abandonou a competição para se dedicar ao socorro às vítimas do naufrágio, o Fast de 30 pés liderava a Regata Colégio Naval na classe Cruzeiro. Como não podia deixar de ser, o dono do veleiro, Marcelo Fuvita, o médico Renato, seu pai João Alberto, o filho Bernardo e Glauco e Eros Nóbrega, também pai e filho, foram recebidos como heróis na cerimônia de premiação do evento.


A solidária tripulação entregou os náufragos sãos e salvos à Marina Pirata’s. “O doutor Renato ainda desembolsou R$ 200 para que o comandante da lancha pudesse pegar um táxi até a Marina Porto Real, de onde havia partido. O veleiro Sea Kiss não galgou nenhum degrau no pódio da competição, mas foi justamente condecorado por sua ação”, elogia Ricardo Lebreiro, professor de vela da Escola Naval e tripulante do Quiricomba, barco vencedor da Regata na classe RGS.