Medalha na 470 é difícil, mas possível

Fonet: Antônio Alonso, blog Sobre as Águas

Na última Olimpíada, na China, o Brasil saiu com duas medalhas: uma prata de Scheidt/Prada na Star e um bronze na 470 com Fernanda Oliveira e Bel Swan. Desta vez. Scheidt/Prada chegam mais fortes, o 470 feminino chega mais fraco.


Fernanda Oliveira e Isabel Swan desfizeram a dupla logo depois da Olimpíada. Os quatro anos de campanha olímpica, com Isabel mudando de Niterói para Porto Alegre não fizeram bem ao relacionamento das duas. Fernanda, muito provavelmente a melhor timoneira de toda uma geração de garotas, não escondia seu descontentamento com o desempenho técnico da proeira. Assim, a dupla que conquistou a primeira medalha olímpica feminina da vela brasileira se separou sem ter a chance de descobrir o quão longe elas conseguiriam chegar num novo ciclo olímpico.

 

É uma pena que o relacionamento das duas tenha azedado, porque, na água, Oliveira/Swam de 2007 e 2008 foi a melhor dupla feminina que o Brasil já viu velejar. Prova disso foi a medalha (bronze) inédita entre as mulheres, e que chegou com 40 anos de atraso em relação ao bronze de Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes (leitor atento deste blog) na Flying Dutchman, em 1868.

A separação da dupla teve também seu lado bom. O Brasil passou a ter duas tripulações bastante competitivas na 470 feminino. Fernandinha Oliveira chamou a jovem Ana Barbachan para ser sua proeira e Isabel Swan voltou para Niterói e passou a velejar com Martine Grael. As duas equipes travaram uma disputa muito apertada pela vaga olímpica brasileira. O equilíbrio entre elas chegava a ser impressionante, até que Martine e Bel começaram a disparar. No Mundial de Perth, em dezembro passado, elas classificaram o Brasil para as Olimpíadas e ainda cravaram um impressionante oitavo lugar. Mas foi então que valeu a experiência de Fernanda Oliveira. Oliveira/Barbachan viraram o jogo, venceram as outras duas seletivas brasileiras e levaram a vaga.

Com elas, o Brasil tem chances de medalha, mas chega mais fraco do que chegou na China há quatro anos. As gaúchas Oliveira/Barbachan ficaram em nono lugar no último Mundial da classe antes das Olimpíadas (uma posição atrás de Martine/Bel). No evento teste, disputado na raia olímpica em agosto de 2011, elas ficaram em quinto lugar. Há espaço para medalha, mas vai ser duro. No entanto, não duvidem do que Fernanda Oliveira é capaz.

Fernanda e Ana estão treinando em Weymouth e aguardando a estréia, que só acontece no dia 3 de agosto, daqui a oito dias.