

Velejador brasileiro do Telefónica se divide entre chefe de turno nas regatas e novo papai nas folgas entre as paradas. Velejador recebeu em Itajaí o maior assédio do público de sua carreira
Por ZDL Comunicação
Itajaí (SC) - A Parada de Itajaí da Volvo Ocean Race confirmou Joca Signorini como um dos maiores ídolos do esporte brasileiro. O chefe de turno do Telefónica foi o mais assediado e aplaudido quando chegou em Santa Catarina e também quando partiu para os Estados Unidos, no último domingo (22). O carinho dos catarinenses emocionou o atleta e todos os envolvidos com a competição conhecida como a Fórmula 1 dos mares.
"Itajaí é um exemplo para todas as paradas da Volvo Ocean Race. Todos ficaram impressionados com a dedicação e comparecimento do público. Foi uma emoção muito grande, já que, mesmo sendo a mais vencedora modalidade olímpica, a vela tem menos contato com o público. A Volta ao Mundo consegue dar essa proximidade nas paradas", explica Joca Signorini.
"É bastante correria. Sempre tento voltar pra casa no pequeno espaço entre as etapas. Quando cheguei na Nova Zelândia, corri e peguei um avião para a Suécia. Fiquei dois dias com eles e voltei para a regata. Em Itajaí consegui mais tempo", emenda Joca Sinorini. "Tenho saudade e vontade de ficar mais tempo com elas, mas logo logo terei tempo de curtir a família".
Para levar mais um título, Joca Signorini usa sua experiência e habilidade. No currículo, uma participação olímpica, um terceiro lugar e um título da Volvo Ocean Race, com Brasil 1 e Ericsson 4, respectivamente. O atleta tem a companhia de outro brasileiro no Telefónica, que é líder da classificação geral. Horácio Carabelli é o diretor-técnico da equipe azul.
"A regata é bastante complicada e muita coisa acontece. Todos têm uma história de emoção e dificuldade durante a travessia. É uma aventura, já que passamos semanas dentro do barco e às vezes nos deparamos com o perigo. Faz parte", acrescenta Joca Signorini. Na perna entre a Noca Zelândia e o Brasil, o Telefónica demorou 19 dias para chegar a Itajaí, passando pelos temidos e frios mares do sul.
Na época do Brasil 1, o velejador também sofreu com a imprevisibilidade da regata. O barco seguia para Portugal, no primeiro teste para a Volvo Ocean Race, quando se chocou com uma baleia, ferindo Joca Signorini. "Batemos numa baleia a 12 nós (22 km/h) de velocidade. Nada aconteceu ao barco, mas acabei como o meu primeiro paciente. Na batida, fui atirado na caverna central do barco e quebrei duas costelas. Acho que foi como se eu tivesse sido atropelado por um carro", relata Joca Signorini, que tinha a função de médico e regulador de velas na edição 2005/2006.
O brasileiro está concentrado para vencer com o Telefónica, mas não descarta voltar ao evento, apesar dos perrengues, na próxima edição, quem sabe com a segunda versão do Brasil 1.
"É minha terceira Volvo Ocean Race seguida. Para correr uma quarta, é preciso ser muito espacial, algo grande. Tem rumores e interesse de público para um novo projeto nacional. A vela tem tradição no País e isso seria importante para o esporte brasileiro", finaliza Joca Signorini, em entrevista em Itajaí.
A cidade sediou durante 19 dias a parada da Volvo Ocean Race. O evento resgatou a tradição náutica da região, mostrou uma cidade totalmente envolvida, que recebeu a todos de forma calorosa, e deixou um importante legado para o município.
Os sensores eletrônicos da Vila da Regata contabilizaram o total de 281.420 visitantes nos 19 dias, quase o dobro das 150 mil pessoas previstas pelos organizadores. Some-se a estes números mais 50 mil pessoas que assistiram dos molhes e das praias a chegada dos barcos, a Regata do Porto e a partida neste domingo, segundo estimativa da Polícia Militar de Itajaí. Dessa forma, o público total da Parada foi de 331.420 pessoas.
Flotilha rumo aos Estado Unidos - A sexta perna começou bastante equilibrada e a tendência é que a situação persista até o Equador. Os barcos têm pela frente mais de 7 mil quilômetros, mas as condições podem ser igualadas após a linha. Por isso, as próximas 24 horas serão decisivas. A diferença do primeiro, o Camper, para o último, o Groupama, não passa de 90 quilômetros. A passagem pelo litoral nordestino nesta terça-feira (24) é marcada por ventos mais francos, variando de 10 a 12 nós.
"É impossível saber o que vai acontecer. Temos que aproveitar melhor as próximas 24 horas e passar o Camper. ", projeta o líder do Abu Dhabi, Ian Walker.
Os líderes (Camper e Abu Dhabi) escolheram mais a direção noroeste e parte da flotilha o acompanhou. O fato que marcou o dia foi um desvio de emergência feito pelo time espanhol/neozelandês. "Tudo estava caminhando de maneira positiva até que nos deparamos com um obstáculo, uma embarcação de pesquisa de petróleo. Não tivemos escolha e perdemos cinco milhas", relata Hamish Hooper, tripulante de mídia do Camper.
Os melhores na classificação geral, Telefónica e Groupama, buscaram a rota sudoeste e seguem fechando a flotilha, deixando o Puma no meio do pelotão. "A flotilha está mais ou menos alinhada no estilo ‘proa a proa’. Vamos esperar a mudança do regime de ventos para decidir qual tática adotar", conta o jornalista a bordo do Puma, Amory Ross.