História: Há 100 anos afundava o Titanic

Fonte: Arquivo Estadão

The Graphic London News, 1912

No dia 13 de abril de 1912, o comandante do Titanic, Capitão Smith, recebeu avisos de rádio sobre icebergs avistados na sua rota. Achou prudente traçar um novo curso, mas, confiante na potência e na segurança oferecida por uma embarcação do porte do seu transatlântico, seguiu a prática comum à época e não reduziu sua velocidade, manteve o Titanic a pleno vapor.

Favorecido pelo bom tempo encontrado até então, o Titanic vinha cumprindo sua promessa de ser um dos navios mais velozes do seu tempo. Nos três dias de viagem, desde seu último embarque, já cruzara 200 milhas a uma velocidade média de 21 nós.

As coisas mudaram no dia seguinte, com a chegada de uma frente fria e a aproximação da região dos Grandes Bancos da Terra Nova, famosa zona de icebergs do Atlântico Norte.

Em 14 de abril de 1912, dia em que o transatlântico colidiu com a enorme placa de gelo, sabe-se que não menos que 7 avisos de icebergs foram enviados para sua central telegráfica.

Icebergs

Constituídos essencialmente de água doce, os icebergs são blocos de gelo que se soltam das geleiras formadas na era glacial, há cinco mil anos.

A ponta do velho gigante gelado esconde o perigo. Apenas cerca de 1/7 da massa dos icebergs pode ser vistas à superfície, sua parte mais extensa, cerca 6/7 , fica submersa. Daí o grande risco que ele oferece à navegação nos mares gelados .

O titã dos Mares

Após dois dias navegando em águas calmas, o desafio titânico abraçado pelo estaleiro Harland & Wolf mostrava toda a sua opulência. Era a consagração da construção do maior e mais luxuoso navio que o mundo já vira. Toda a sua magnitude era desfrutada numa viagem até então tranquila.

A empreitada para a construção do navio havia começado três anos antes, em Belfast, na Irlanda. O projeto fora comandado por Thomas Andrews, um jovem exponente da construção naval, designer chefe da Harland & Wolff. Aos 39 anos de idade, foi o escolhido para materializar o gigante dos mares.

O nome da nave foi escolhido para não deixar dúvidas sobre a sua grandiosidade e imponência. E tal qual aos heróis das histórias mitológicas de outros tempos, a tarefa de sobrepor-se à natureza foi dada aos arquitetos, engenheiros, cientistas, operários e construtores envolvidos em sua criação. Com espanto, admiração, incredulidade e fascínio, a humanidade acompanhava o gigante tomar forma para ganhar os mares.

O palácio que viajava sobre as águas

Símbolo do progresso tecnológico de seu tempo, o Titanic tornou-se um marco das construções navais. Mas sua grandiosidade não advinha apenas de sua inovadora engenharia e da magnitude de sua estrutura, também vinha de sua opulência.

Cuidadosamente pensado para ser um palácio flutuante, o navio era esplendoroso. A busca pela excelência estava nos detalhes de sua requintada decoração e  na diversidade dos serviços disponíveis. Sua majestosa escadaria era decorada por painéis renascentistas entalhados em madeira nobre. Dos mais de 800 tripulantes, 500 eram garçons, cozinheiros e músicos que se revezavam nas duas orquestras do navio.

Preocupados em oferecer o melhor serviço de transporte marítimo da época, além dos luxuosos salões de refeição, com um menu digno das melhores cozinhas, os passageiros tinham a sua disposição um Bistrô “a la carte” e um Café Parisiense, que serviria de ponto de encontro para os jovens.

Para entreter os passageiros, a embarcação ainda contava com três bibliotecas, academias, uma quadra de squash, uma piscina e banhos turcos. Na sala de fitness, entre os equipamentos ultramodernos, bicicletas estacionárias, aparelhos para o treino de remo e um “cavalo elétrico” para os viajantes não deixassem de desenvolver suas habilidades para a equitação.