Volvo Ocean Race: equipes de terra consertam os barcos para Regata do Porto de Itajaí

 

Manutenção e reparos dos veleiros, fundamentais para continuação na volta ao mundo. Francês Groupama chega ao litoral catarinense nesta terça

Por ZDL Comunicação

Itajaí (SC) - Depois de uma viagem de 12 mil quilômetros pelos mares mais difíceis do planeta, o que não faltam às equipes de terra é trabalho. Na escala de atividades, saem os velejadores para o período de descanso e entram os técnicos, soldadores e engenheiros. Parada estratégica da Volvo Ocean Race, Itajaí se transformou em um estaleiro e a ação dos profissionais pode ser observada de perto pelos visitantes da Vila da Regata.

 

consertos2

 

É a parada mais longa (entre chegada e largada) da edição 2011/2012. Os barcos ficam em uma espécie de berço suspenso para que os técnicos possam analisar os problemas e efetuar os reparos em toda a embarcação, principalmente no casco, área mais exigida durante as travessias e que só pode ser consertada em terra. Puma e Telefónica, primeiros a chegar na cidade catarinense, ganham tempo e podem se preparar melhor para a Regata do Porto, marcada para o dia 21 de abril e que vale pontos para a classificação geral. O Groupama, que aparecerá em Itajaí nesta terça-feira (10), terá ainda mais o que fazer, já que os franceses perderam o mastro no Oceano Atlântico.

Vencedores da quinta perna, os norte-americanos do Puma foram os únicos dos seis barcos da flotilha que não pararam em nenhum momento com avarias. Mesmo assim, os técnicos fazem uma espécie de check-up na embarcação. A revisão de todo material é importante para que o veleiro de Ken Read não sofra como na primeira perna, de Alicante a Cidade do Cabo, quando perderam o mastro. Por isso, o cronômetro está correndo.


O cronograma dos espanhóis do Telefónica também é apertado. O brasileiro Horacio Carabelli, diretor-técnico da equipe, coordena o conserto do casco, danificado na última perna e que resultou em um pit stop de 17 horas no Cabo Horn. O velejador e projetista acredita que os 16 dias são razoáveis para esse processo: "Temos muito o que fazer no barco e o objetivo é deixar tudo pronto para a partida. Vamos corrigir a delaminação no casco (a parte da proa sofreu avarias e as camadas de fibra de carbono que compõe a casca do barco começaram a se desprender) e outras coisas, já que a embarcação foi muito exigida e precisa ficar 100% para garantir desempenho e segurança". Carabelli reforça a dificuldade da travessia, que incluiu a passagem pelo Cabo Horn. "Foi a etapa mais difícil, com muitas ondas e vento, na maioria das vezes, contra".

consertos1



O Telefónica ganhará um painel novo, onde foi feito o reparo durante a quinta perna. Além disso, o time de Horácio Carabelli fará revisões nas velas e, principalmente, no mastro. Esse equipamento é o que mais apresentou problemas na Volvo Ocean Race 2011/2012 quebrando com Puma, Abu Dhabi e Groupama.


Os trabalhos não se concentram no barco. A ‘veleria’ do Telefónica corre contra o tempo. Os ‘alfaiates’, como são conhecidos, costuram as velas danificadas e repõem o que apresentou problema durante a subida do Atlântico.


Groupama chega na terça-feira -
A última atualização aponta que o Groupama deve aparecer na Vila da Regata no início da manhã desta terça-feira (10). Os franceses encontram dificuldades para ‘andar’ rápido, já que estão velejando com o mastro de fortuna (pedaço improvisado). O veleiro perdeu o equipamento na semana passada, a caminho de Itajaí, e parou em Punta del Este, no Uruguai, para buscar uma solução para o problema.

O objetivo da tripulação é descansar quando chegar ao Brasil, após a longa viagem de Auckland até Itajaí. "Fizemos duas pernas longas e difíceis, com apenas uma parada de uma semana na Nova Zelândia antes de seguir o caminho até o Brasil. Foram apenas três dias de descanso total. Antes de perder o mastro, estávamos a 100% no veleiro disputando a liderança com o Puma. Adrenalina total", conta Yann Riou, tripulante de mídia do Groupama.


Mesmo velejando com velocidade inferior a 10 nós de média, o Groupama dificilmente perderá o terceiro lugar. O Camper, único que ainda pode roubar a posição, está mais de três mil quilômetros atrás e deverá chegar no Brasil na semana que vem. A garantia dos 20 pontos não faz com que o time francês adote o estilo de cruzeiro.


"Em circunstâncias normais, sem visar pontos, até poderia ser uma navegação tranquila pelos mares da América do Sul. Mas, com menos tripulantes a bordo (quatro foram de avião do Uruguai ao Brasil), dá para ficar mais à vontade", lembra Riou.


Atrasados e com o mastro quebrado, a equipe de Groupama pretendia chegar para o feriado de Páscoa em Itajaí. Mas, foram obrigados a parar. "É um pouco frustrante. Queríamos chegar rapidamente e tirar uns dias de férias, mas a estratégia foi a melhor possível", conta o regulador de vela, Charles Caudrelier.


Pontuação geral:

1º - Telefónica (Iker Martínez) - 147 pontos
2º - Puma (Ken Read) - 113 pontos
3º - Groupama (Franck Cammas) - 107 pontos *
4º - Camper (Chris Nicholson) - 104 pontos *
5º - Abu Dhabi (Ian Walker) - 55 pontos
6º - Team Sanya (Mike Sanderson) - 25 pontos
* Barcos ainda na regata

Voluntários vivem experiência única na maior regata oceânica do mundo -
A cultura do voluntariado faz parte de todas as cidades-sede da Volvo Ocean Race. Em Itajaí, desde a confirmação da realização da Volta ao Mundo na cidade catarinense, os jovens da região se engajaram nesse processo.

"O voluntário é uma mão-de-obra qualificada, motivada e interessada. Sempre querem aprender", explica a gerente de operações, Maria Helena Freitas.


Os alunos escolhidos pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali) usam a experiência de um mega-evento internacional para melhorar o currículo e aprimorar novos idiomas. A procura por uma vaga de voluntário ultrapassou a média: 700 inscritos. Segundo o Comitê Organizador, quase 200 estudantes atuam em dois turnos na Vila da Regata desde o dia 4 de abril, data da abertura das atividades.


Segundo o responsável pela seleção dos inscritos, o professor Pedro Floriano, os voluntários foram criteriosamente escolhidos e falam inglês. Antes de ir a campo, os universitários receberam treinamento para atuar em várias áreas. As inscrições tiveram que ser interrompidas porque ultrapassaram as expectativas.


"Há pessoas que ainda hoje nos procuram, mas agora não temos mais como absorver essa mão de obra. Tivemos até que criar um cadastro de reservas, pois o nível dos inscritos foi extremamente satisfatório", explica o professor. "Esse contingente extra pode ser mobilizado a qualquer momento, caso seja necessário", continua.


Os voluntários atuam em várias funções dentro da Vila da Regata: na escola de vela, nas áreas de gerenciamento náutico, recreação, comunicação e até gastronomia. Para os universitários, é uma excelente oportunidade de ampliar sua experiência para o futuro profissional. O evento é tratado, pelos envolvidos, como uma das maiores competições esportivas e é comparado até com Copa do Mundo e Olimpíada. É a Fórmula 1 dos mares, um evento de dimensões mundiais que atrai as mídias estrangeiras e apreciadores da vela de vários países.


A professora Miriam Pinheiro, coordenadora do Projeto de Extensão da Faculdade de Turismo e Hotelaria e Gastronomia da Univali, ressalta o trabalho importante do voluntariado para a qualificação desses alunos: "É uma oportunidade para que exercitem suas habilidades, principalmente num evento desse porte. A universidade cumpre um de seus papéis mais importantes que é estender o conhecimento e serviços para a comunidade onde está inserida".


Flávia Schaadt Brehm tem 17 anos, cursa o 2º período de publicidade e não esconde o seu entusiasmo por fazer parte do evento: "É a minha maior experiência. Já morei fora do país, mas isso aqui é muito diferente. É empolgante trabalhar com pessoas de tantas nacionalidades diferentes."


Os organizadores estrangeiros do evento também estão muito satisfeitos com a alta qualidade dos voluntários. "Eles são sempre atenciosos e nos ajudam muito. Os que trabalham aqui no Departamento de Mídia são extremamente profissionais e possuem um conhecimento da língua inglesa muito bom", revela Sophie Luther, gerente de comunicações da Volvo Ocean Race.


Crianças curtem primeiro dia como ‘marinheiras’ -
A organização da Volvo Ocean Race espera receber mil alunos da rede pública de ensino, de 6 a 14 anos, até o dia 22. As visitas monitoradas à Vila da Regata começaram nesta segunda-feira (9) e a programação da garotada inclui ações de sustentabilidade, como o teatro com personagens ligados ao meio ambiente, conscientização ecológica, passeio nos brinquedos e, o mais aguardado por eles, conhecer a realidade de uma competição de vela internacional, vendo veleiros e equipes de terra trabalhando. Tudo isso em duas horas e meia de visitação.

"O evento é importante porque coloca as crianças em contato com o que há de melhor no esporte mundial e mostra que Itajaí está preparada para sediar a Volvo Ocean Race. Outro aspecto é que a regata também dá importância ao meio ambiente", explica Maria Eliane Coelho, coordenadora pedagógica da Escola Iolanda Ardigo.


"Nossa escola já faz trabalhos sustentáveis e essa visita é fundamental para ampliar os horizontes da garotada. Uma das nossas atividades é destinar uma coleta seletiva de azeite para fabricação de sabão. É a interação aluno-meio ambiente funcionando no colégio. Nós temos também um espaço que será uma horta", finaliza.


Coleta seletiva de lixo é destaque da Parada Sustentável -
Cerca de 3,3 toneladas de papel e papelão, PET, vidros e plásticos diversos, alumínio, ferro e outros produtos recicláveis foram encaminhados para processamento e reaproveitamento no período compreendido entre 04 e 07 de abril, pelo Itajaí Stopover Sustentável, plano de sustentabilidade da parada brasileira do Volvo Ocean Race em Itajaí. O programa interativo de gestão de resíduos sólidos tem a participação direta do público visitante, restaurantes, lanchonetes e bares, além da atuação da cooperativa Cooperfoz. O programa tem o apoio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), Ecosorb, Prefeitura de Itajaí, Fundação Municipal do Meio Ambiente (FAMAI), Porto de Itajaí e da Secretaria de Obras e Serviços Municipais.

"Nunca se viu um evento tão limpo na região, a comunidade está bastante consciente com relação a destinação do lixo", diz Amilcar Gazaniga, presidente do Comitê Central Organizador (CCO) do Itajaí Stopover. O Plano de Sustentabilidade atua em parceria com os programas já existentes na cidade atrelados ao desenvolvimento sustentável. Segue a linha do programa de coleta seletiva do município de Itajaí, com a instalação de 60 pares de lixeiras posicionados ao redor do Centreventos e na vila da regata. Outros 40 pares de lixeiras de coleta seletiva foram instalados na área interna do Centreventos, dentro da Feira Náutica, no media center e escritório das equipes. As lixeiras são nas cores azul e amarela, para lixos recicláveis e não recicláveis.


Todos os pontos de alimentação dentro do evento (restaurantes, lanchonetes, cozinhas de apoio e ponto de catering das equipes da regata) foram preparados para separar os resíduos de forma adequada, já na fase de produção. Para facilitar o descarte do lixo orgânico, bombonas de 50 litros com tampa foram disponibilizadas para todos os estabelecimentos que preparam alimentos. "Conseguimos evitar que 90% do lixo orgânico na caçamba e isso evita mau cheiro causado pelo vazamento do líquido e sacos arrebentados" explica Glenn Suba, coordenador do projeto.


Um centro de reciclagem foi montado bem em frente ao pavilhão da Volvo na Vila da Regata, onde a Cooperfoz, a cooperativa de materiais reciclados parceira da coleta seletiva do município da Itajaí, recebe todos os resíduos gerados pelo evento e separa nas devidas categorias de material reciclável.


Durante o período de montagem do evento foram destinados para reciclagem:

250 kg de papelão
193 kg de plásticos variados entre filme, PET e outros
47 kg de latinhas e outros itens de ferro.

Somente nos quatro primeiros dia de realização ( de 04/04 até 07/04) foram encaminhados para reciclagem:

Papelão -700 kg
PET - 378 kg
Plasticos - 159 kg
Vidros - 1004 kg
Aluminio lata - 506 kg
Lata ferro - 50 kg
Papel misto - 504 kg
Total material reciclável separado = 3301 kg

Programação - 10/4 (terça):

14h às 22 h - Funcionamento da Vila da Regata
14h às 17h - Visitação Monitorada
14h às 22h - Feira Náutica Show Brasil
18h30 às 20h - Fórum Stopover Univali - "Preservação do patrimônio náutico artesanal do Brasil" - Luiz Phelipe Andres. 19h - Festas Catarinenses - Brusque - Fenarreco
20h - Show Palco Vila - André Monari e Banda.