Artigo: Uma lição ecológica da classe Optimist

Fonte: Sailing World; texto de James Keane

A classe Optimist demonstrou mais de um jeito de como fazer as regatas serem mais ecologicamente corretas.

O clube de vela de Ohio está organizando o campeonato de Optimist dos EUA da maneira mais ecologicamente correto possível.

© Roger Fair/ Sandusky Sailing Club

Quando eu assistia a Vila Sesamo, na época em que eu fazia parte do público alvo daquele programa de TV, lá por volta de 1970, uma das mensagens centrais que eu aprendi com Grover, Gordon e companhia foi “Não poluir”. Agora, quando assisto a Vila Sesamo com meus filhos, eu notei que a reciclagem se tornou a principal forma de se desfazer do lixo. O pessoal por trás de Vila Sesamo estava (e ainda está) bastante consciente de que as crianças têm o potencial para liderar mudanças culturais no futuro.


Muitos dos velejadores que eu conheço levantam a bandeira do “ecologicamente correto” do nosso esporte como uma forma de superioridade moral. Na classe Tartan, nós nos orgulhamos da nossa capacidade de navegar o verão inteiro apenas com um tanque de diesel, em extremo oposto ao que as populares lanchas de alta potência fazem, gastando combustível as ganhas – uma prática que nós abominamos. A maioria de nós não ousaria nem colocar uma latinha de cerveja no lixo em casa; há um recipiente para materiais recicláveis específico para itens como latinhas de cerveja. Mas na minha experiência, nós não fazemos muita reciclagem nos barcos de competição, e parecemos considerar o combustível fóssil que os nossos barcos de apoio consomem como uma exceção moral.


À medida que eu fui me envolvendo na organização do campeonato da associação nacional de Optimist de 2012, que começa em julho, em Ohio, acabei me dando conta de que as crianças dessa classe estão iniciando uma mudança cultural em nosso esporte. No campeonato de Optimist do ano passado, elas aboliram o uso de garrafas de água descartáveis (e a Inter-Collegiate Sailin Association fez o mesmo). Os organizadores providenciaram garrafas reutilizáveis para todos os competidores, e usaram um dispositivo chamado WaterMonster (“Monstro d’Água”) para fazer o refil. Além disso, disponibilizaram containers de lixo reciclável em volta do local da competição.


Para o evento desse ano, o clube de vela de Sandusky entrou em parceria com o Sailors for the Sea e registrou a competição como uma “Regata Limpa” (ecologicamente correta, portanto). Além da iniciativa das garrafas de água, os organizadores deram os primeiros passos em direção à redução do impacto de poluição da frota de lanchas dos espectadores. “A ideia de usar uma balsa começou como uma brincadeira”, diz o diretor do comitê organizador das regatas, Mike Austin. “Mas então nós pensamos nas possibilidades e dissemos ‘Wow, isso poderia das certo!’. Antes que pudéssemos nos dar conta, o plano estava em andamento. Disso veio a ideia de usar duas barcas da II Guerra Mundial que estavam fora de uso há muitos anos em uma doca local".

As barcas usadas na II Guerra Mundial

“Vários fuzileiros navais de toda parte do estado virão até Sandusky e passarão a semana ajudando como voluntários no nosso evento”, Austin continua. “Eles não só nos ajudarão a manejar as balsas de onde os espectadores poderão acompanhar as regatas, como também participarão da campanha por uma competição ecologicamente correta”.

Pode parecer inconveniente reciclar dentro dos Yatch Clubes, como também pode parecer impraticável a tentativa de fazer o refil das garrafas de água em dias de regatas distantes. Inconveniente ou impraticável que possa ser, nós podemos aprender uma lição com as nossas crianças e de fato tornar o nosso esporte tão limpo quanto imaginamos que seja quando na verdade não é (ainda). Talvez seja a hora dos adultos seguirem o exemplo das crianças. Abolir o uso de garrafas descartáveis, aumentar a prática da reciclagem nas grandes regatas, e quem sabe até mesmo tirar da aposentadoria alguma barca cujo último feito tenha sido o desembarque do Dia D.