Regata Volta ao Mundo recomeça neste domingo, após drible em piratas

Fonte: Blog Sobre as Águas, Antonio Alonso

Sem incidentes com piratas, o navio armado que levou cinco veleiros da Regata Volta ao Mundo pelas águas infestadas de piratas do Oceano Índico chegou às Maldivas. A largada da segunda parte desta perna, que começou em Abu Dabi, acontece no domingo, às sete da manhã no horário brasileiro de verão. Como trata-se apenas de um desvio para fugir dos piratas, e não uma largada oficial, desta vez não haverá transmissão ao vivo.

 


Para quem não sabe, eu explico rápido aqui. Só no ano passado, mais de 1100 barcos e navios foram sequestrados na costa da Somália e imediações. Os piratas estão bem armados e equipados com barcos rápidos. Para se ter a idéia de como está a situação, a Somália nem tem governo neste momento. É o único país do mundo em que isso acontece. O governo existe, mas só serve para tomar conta da capital, porque fora dali não há lei, polícia ou qualquer presença governamental.

Bem, deixando a geopolítica e voltando à água: Para fugir desses piratas, a Regata Volta ao Mundo mudou as regras e botou todo mundo em um navio com escolta armada para fazer esse trecho. O navio acabou de chegar no "porto secreto".

O barco chinês, Team Sanya, que quebrou no meio do caminho na etapa passada, só chegou agora no tal "porto secreto", mas também está pronto para largar.

Já que a regata deu uma esfriada por conta dessa fuga dos piratas, vou aproveitar um pedido do leitor Marcio para fazer um balanço rápido de como está a regata até agora:

1) Telefónica (ESP - projeto Juan Kouyoumdjian) - 71 pontos: Depois de três participações seguidas, a equipe que agora tem o brasileiro Horácio Carabelli como diretor técnico finalente parece ter deslanchado. Venceram as duas primeiras etapas e uma regata costeira. Mas o time do único velejador brasileiro, Joca Signorini, foi último nas outras duas regatas costeiras. Estranho, mas nas pernas longas eles se dão bem melhor. Mas que lugar melhor para ser bom em regatas longas do que numa volta ao mundo?

2) Camper (NZL - projeto Marcelo Botin) - 64 pontos: Com reforço do Team New Zealand, lenda da America's Cup, o Camper chegou à segunda posição sem chamar muito a atenção. O barco é bom, a tripulação é boa, mas no momento eles estão mais perto de serem passados pelo Groupama do que de assumir a liderança

3) Groupama (FRA - projeto Juan Kouyoumdjian) - 51 pontos: A equipe francesa é respeitada por tudo o que fez principalmente a bordo de trimarãs gigantes. Eles já bateram até o recorde da volta ao mundo a vela sem escalas (em apenas 48 dias). Mostraram personalidade escolhendo caminhos diferentes da flotilha nas duas primeiras pernas. Aliás, erraram feio fazendo isso da primeira vez, e em parte por isso amargam um terceiro lugar, a 20 pontos do líder.

4) Puma (EUA - projeto Juan Kouyoumdjian) - 36 pontos: Um dos favoritos antes de a regata começar, o time americano se deu bem mal na primeira perna, com uma quebra de mastro no meio do nada que fez com que eles perdessem mais de duas semanas e não pontuassem na primeira perna. O barco é bom, está sempre na frente e deve incomodar quem está acima deles na tabela. Mas, sem uma quebra do Telefónica, fica bem difícil sonhar com o título.

5) Abu Dhabi (EAU - projeto Bruce Farr) - 31 pontos: O projetista Bruce Farr já foi hegemônico nesta regata, mas depois que apareceram os ABN 1 e 2 em 2005, desenhados pelo argentino Juan Kouyoumdjian, Bruce Farr levou uma lavada foi praticamente escurraçado da Volta ao Mundo. Os árabes resolveram resgatá-lo em grande estilo, com a equipe de maior orçamento desta regata. Mas o barco quebrou o mastro com três horas de regata, logo após a largada em Alicante. O veleiro é bom, mas estão pagando caro pela quebra.

6) Team Sanya (CHN - projeto Bruce Farr) - 11 pontos: Em toda regata, tem algum patrocinador que aceita pegar um barco usado, para chegar em último, quebrar pelo caminho mas ganhar alguns momentos de exposição na mídia. E, claro, ajuda a fazer volume numa flotilha tão pequena. Esse é o Team Sanya. Não completaram nenhuma das duas primeiras pernas, e vão apostar todas as fichas nesta terceira, que termina justamente na cidade de Sanya. Como essa perna tem um trecho de ventos contrários e fortes, é muito provável que alguém quebre pelo caminho e o Team Sanya é sempre favorito nessas horas. O barco é ruim. O antigo Telefónica Azul (da edição passada) não é mais competitivo nos dias de hoje. O ponto forte é o skipper Mike Sanderson, que venceu a regata em 2005/2006.