RAN é o primeiro bicampeão em 50 anos de Rolex Fastnet Race

 

Assessoria Rolex

Fotos Carlos Borlenghi/Rolex

O brasileiro Nelson Ilha, que hoje é árbitro internacional da Isaf e correu a Fastnet de 1979 como timoneiro do lendário German Frers 42 Madrugada, resumiu: “é uma regata que todo velejador queria ter no currículo já naquela época”.

 

Pela primeira vez em mais de 50 anos, um veleiro conquistou dois títulos consecutivos da disputada Rolex Fastnet Race. Após ter vencido a regata em 2009, o veleiro britânico Rán, de Niklas Zennström, foi confirmado pelo Royal Ocean Racing Club novamente como campeão geral da Rolex Fastnet Race e vai levar como prêmio a prestigiada Fastnet Challenge Cup.

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O último veleiro a conquistar dois títulos seguidos da regata havia sido o Carina II, de Richard Nye, em 1955 e 1957. Outros bicampeões incluem o Jolie Brise (1929 e 1930), o Dorade, do projetista de barcos Olin Stephens (1931 e 1933) e o Myth of Malham (1947 e 1949) de John Ilingworth.

O Rán, um Judel-Vrolijk de 72 pés, cruzou a linha de chegada em Plymouth, na Inglaterra, pouco antes da uma hora da tarde desta terça-feira, depois de dois dias, três minutos e 44 segundos de regata. Já na chegada o Rán parecia um forte concorrente ao título de campeão geral, o que acabou se confirmando nesta quinta pelo Royal Ocean Racing Club.

Com a correção dos tempos feita pela regra IRC, Rán terminou 4 horas, 38 minutos e 18 segundos à frente do segundo colocado, o também britânico ICAP Leopard, um Farr de 100 pés de comprimento. O ICAP, por sua vez, chegou ao vice-campeonato graças a uma massiva vantagem no tempo corrigido de mais de 10 horas sobre o terceiro colocado, o americano Vanquish (USA).

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“Isso é fantástico. Chega a ser difícil de acreditar. Todo mundo no time está muito, muito contente e satisfeito”, disse Zennström sobre sua segunda vitíria consecutiva na Rolex Fastnet Race. O comandante confessou ainda que defender esse título era um dos objetivos mais importantes da equipe para este ano. “Uma coisa é se propor o objetivo de ganhar esta regata. E esse foi o objetivo que nos propusemos. Mas essas regatas estão sujeitas a inúmeras variáveis que você não consegue controlar. É muito bom quando funciona”.

A Rolex Fastnet Race é uma das regatas mais tradicionais e respeitadas do mundo da Vela. Ela faz parte do Grand Slam da Vela mundial, junto com a Rolex Sydney Hobart e a Rolex Middle Sea Race. Seu percurso de 608 milhas não tem igual no Brasil. Seria mais ou menos como se a Refeno partisse de Recife, contornasse Fernando de Noronha e voltasse a Recife. A diferença na Fastnet é que Fernando de Noronha é uma rocha com um farol e, no lugar dos alísios, os velejadores encontram correntes fortes na saída pelo Canal da Mancha e os ventos frios e fortes do Mar do Norte. O brasileiro Nelson Ilha, que hoje é árbitro internacional da Isaf e correu a Fastnet de 1979 como timoneiro do lendário German Frers 42 Madrugada, resumiu: “é uma regata que todo velejador queria ter no currículo já naquela época”.

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O navegador Steve Hayles, do Rán, concorda: “Nós adoramos a Fastnet e ela nos retribuiu mais uma vez. A regata teve um pouco de tudo e em alguns momentos foi uma prova bastante apertada. Foi ótimo”.

Depois do título com uma campanha bem planejada em 2009, Zennström disse que neste ano quis elevar a equipe a um outro nível. “Nos nunca velejamos tão bem como uma equipe, e isso foi porque estávamos muito bem preparados. Nós sempre queríamos mais, não relaxamos em momento algum, todos estávamos muito focados o tempo todo e exigíamos o máximo do barco. Quando montamos a Fastnet Rock, no caminho de volta, nós levamos o barco ao limite. Eu acredito que, na volta depois de contornar a Fastnet, perdemos do ICAP Leopard por 40 minutos ou menos no tempo real. Isso significa que nós velejamos muito bem mesmo. A estratégia foi ótima, bem-implementada e a tripulação não cometeu nenhum erro. A equipe fez um trabalho muito bom”.

O próprio Rán já não é idêntico ao Rán que venceu a Fastnet há dois anos. No começo de 2010, foram retirados 500 quilos de chumbo do bulbo da quilha. Desde então, o barco não passou por nenhuma grande mudança, mas a equipe está constantemente trabalhando em refinamentos e atualizações.

De acordo com Zennström, o barco agora está bem desenvolvido e a tripulação o está dominando com conforto. “Este é o terceiro ano que estamos correndo com este barco e já fizemos algumas regatas offshore, em alto mar. Acho que isso é importante porque não só conhecemos o barco muito bem, como também temos uma confiança muito grande nele. Tendo feito duas Rolex Sydney Hobarts, uma Rolex Fastnet Race e uma Rolex Middle Sea Race com ventos bastante fortes sem quebrar, nós sabíamos que mesmo que o tempo estivesse ruim, nós aguentaríamos e estávamos confiantes de que podíamos ir além e além. Por isso que, algumas vezes, não mudar tanto o barco pode ser uma coisa boa, porque você sente que ele está com uma regulagem ótima”.

Para o navegador Steve Hayles, a meteorologia, embora tenha favorecido bastante os barcos maiores e mais velozes – a regata teve duas quebras de recorde, dos monocascos e dos multicascos – não foi muito boa para o Rán se comparada a dois anos atrás. “Nós sabíamos que ia ter um pouco mais de través, e nosso barco é melhor no contravento. Nós tivemos que trabalhar duro para sair do Solent e do Canal [da Mancha]. Esse começo deu muito certo e depois disso nós tivemos que nos segurar dentro do barco, para ser sincero... com todas as forças.”

O principal adversário do Rán foi o Beau Geste, de Karl Kwok e Jim Schwartz, e havia um clima de rivalidade saudável entre os dois barcos, já que Gavin Brady foi o skipper do Farr 80, mas veleja também como tático do TP52 de Zennström no Mediterrâneo. “Ele nos apertou (orçou) algumas vezes no Solent e uma vez no Canal. Foi uma boa regata”, lembra Hayles.

E, afinal, o Rán vai estar de volta para defender o título uma segunda vez? Zennström diz que ainda é muito cedo para decidir, mas que é com certeza algo que ele vai cogitar muito. “A conquista duas edições consecutivas é maravilhosa e mais do que nós poderíamos ter esperado. Depois da primeira vitória – e quando nós começamos a pensar no planejamento deste ano – este aqui era nosso objetivo.”

Até a manhã desta sexta-feira, o último barco da flotilha não tinha nem montado a Fastnet Rock, que marca a metade do percurso. Até aquele momento, 34 barcos continuavam na água, com 32 desistências e 248 com a regata completada.

A Rolex Fastnet Race termina no porto de Plymouth. O principal troféu, para o campeão geral da Rolex Fastnet é um relógio Rolex e a Fastnet Challenge Cup. Além dela, existem mais de 30 troféus que serão entregues na cerimônia de premiação nesta sexta, dia 19 de agosto, na histórica Royal Citadel. A cidadela, lar do 29º Comando do  Regimento da Artilharia Real, tem uma vista completa do Plymouth Sound and Sutton Harbour, onde ficará a maioria da flotilha da regata.

Como seguir o evento

Mais informações podem ser encontradas em www.fastnet.rorc.org.