Isaf confirma Star fora da Olimpíada do Brasil e tira também Match Race Feminino

Antonio Alonso Jr,  Revista Náutica

Na madrugada deste sábado, o Conselho da Isaf reunido em São Petersburgo na Rússia confirmou a decisão anterior e manteve tanto a Star fora dos Jogos de 2016, no Brasil, apesar dos esforços do Brasil, como país sede, em reverter a exclusão. Uma surpresa foi que o Match Race Feminino, que participará pela primeira vez da Olimpíada no ano que vem, em Londres, também já foi excluído do programa para 2016. A reunião durou três horas e foi marcada por momentos de tensão. Mais de 50 submissões foram recebidas para avaliação e o resultado não deixou os brasileiros felizes.

Os eventos selecionados ao final da reunião foram os seguintes:

Masculinos:
Prancha ou kite - a ser definido
Barco de bolina individual - Laser
Segundo barco de bolina individual - Finn
Skiff - 49er
Barco de bolina para duas pessoas - 470

Femininos:
Prancha ou kite - a ser definido
Barco de bolina individual - Laser Radial
Skiff - a ser definido
Barco de bolina para duas pessoas - 470

Misto:
Multicasco para duas pessoas - a ser definido

O árbitro internacional Ricardo Lobato, que estava presente na reunião de novembro, quando a primeira decisão excluindo a Star foi tomada, repetiu o comentário do representante nacional no Conselho da Isaf e desabafou: "Foi um tapa na cara dos brasileiros". Além de ser a classe mais tradicional e preferida pelos grandes velejadores brasileiros, a Star deu medalhas ao Brasil em todas as Olimpíadas desde 1988, com exceção de Barcelona ´92. Essa decisão é definitiva e a Isaf não deixou espaço para modificaçães na reunião do final do ano.



A Star é a classe mais antiga do programa olímpico, está presente desde 1932. Robert Scheidt, que foi prata na últma Olimpíada, ao lado de Bruno Prada, era um dos grandes defensores da classe. "É a continuidade da carreira de vários atletas (ele próprio, nove vezes campeão mundial da Laser e dono de três medalhas olímpicas, mudou para a Star). A classe que concentra as maiores estrelas do iatismo mundial. E que apresenta regatas muito acirradas, decididas metro a metro. Na última Olimpíada, por exemplo, as medalhas só foram definidas na última perna da Medal Race", acrescenta.

O superintendente da CBVM, Ricardo Baggio, não escondeu a insatisfação com o resultado. "Foi uma decepção dupla. Não dá pra pensar numa Olimpíada no Brasil sem a Star. E a exclusão do Match Race Feminino, depois de todo o trabalho que começamos aqui é realmente triste". Além disso, essa decisão acaba com o trabalho de longo prazo feito com a classe. "Eu até fico contente com a intenção de trazer mais gente jovem para a vela, com os skiffs, mas quando você tira todos os barcos de quilha do programa olímpico, você perde representatividade".

Classes e equipamentos
A Isaf faz uma distinção importante entre classes e equipamentos. Classes são os tipos de barcos e equipamento é o modelo específico do barco. Os multicascos por exemplo, formam uma classe escolhida para participar dos Jogos do Rio, mas a Isaf ainda vai decidir qual barco será usado nos Jogos. Há uma expectativa muito grande de que esse barco seja o Tornado, que já foi classe olímpica e que liderou a campanha pela volta dos catamarãs às Olimpíadas.

É nesse contexto que Ricardo Baggio critica a retirada de todos os barcos de quilha dos Jogos. O Star, assim como Soling, Yngling e o Elliot 6 são todos barcos de quilha que já foram olímpicos e representam uma parte importante dos velejadores espalhados pelo mundo. "E se você for ver hoje, vários dos grandes nomes da vela mundial, como Iain Percy, Torben, Scheidt, Paul Cayard e outros são velejadores desse tipo", conta Baggio. Como explicar, então que nenhum barco de quilha continuará no programa olímpico? A resposta mistura interesses particulares das federações nacionais, onde a Star não tem representatividade com um desequilíbrio provocado há dois ciclos olímpicos, com a redução de 11 para 10 no número de medalhas da Vela.