Natascha Boddner garante vaga para a Olimpíada da Juventude na China

Velejadora de Niterói é a terceira entre as mulheres no Sul-Americano da Classe Byte e garante última vaga feminina para os Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim

Por ZDL Comunicação

São Paulo (SP) - A niteroiense Natascha Boddner está classificada para representar o Brasil na Olimpíada da Juventude, em agosto, na China. A vaga foi obtida apenas na última regata na Represa de Guarapiranga. A velejadora de 15 anos precisava, nesta quinta-feira (6), manter-se entre as três primeiras na categoria feminina para ingressar na delegação do Comitê Olímpico Brasileiro que competirá em Nanquim.

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Na última das 12 provas organizadas pelo Yacht Club de Santo Amaro, desde o sábado de Carnaval, Natascha fez o que se chama de 'lição de casa'. Foi conservadora e procurou ficar em posição intermediária na flotilha de 22 barcos para evitar riscos. Chegou em sexto e terminou o campeonato com 85 pontos perdidos, oito a menos do que a compatriota Helena de Marchi, vencedora da regata final desta quinta-feira. Dolores Fraschini, do Uruguai, e Jarian Brandes, do Peru, ficaram em primeiro e segundo lugares, com 41 e 48 pontos respectivamente, na categoria feminina.

"Foi bom para mim porque o vento foi mais fraco, condição semelhante a dos meus treinos em Niterói. Eu estava nervosa antes da decisão. Minha única experiência internacional havia sido no Sul-Americano de Optimist, no ano passado, em Porto Alegre, mas na hora de velejar consegui me controlar", revelou Natascha, que cruzou a linha de chegada às lágrimas, emocionada com a conquista da vaga brasileira para competir na China.

Sulamericano de Byte B


A evolução de Natascha passa pelas orientações do pai, Walter Boddner, ex-técnico dos bicampeões olímpicos Robert Scheidt e Torben Grael. "É um privilégio ter meu pai como treinador. De vez em quando enche um pouco porque ele dá umas bronquinhas, mas eu não ligo muito", considerou a velejadora.

Classe ainda busca espaço no País- Orgulhoso, o pai de Natascha acompanhou as regatas de perto a bordo de um bote inflável e sugeriu que se dedique mais atenção à classe no País. "O Byte é um barco adequado para 15 ou 16 anos. É uma ótima classe para a formação do atleta. Só falta as entidades náuticas organizarem mais campeonatos", alegou Valtinho.

Apesar de a classe ser pouco praticada no País, o nível técnico das provas surpreendeu a Organização. Gerente do YCSA e velejador, Marcos Biekarck elogiou o desempenho dos adolescentes. "Para uma classe que quase não possui flotilha no Brasil e na América, o nível das regatas foi muito elevado. O Pedrinho (Pedro Corrêa - campeão geral) mostrou que está bem a frente. Hoje posso dizer que seria um 'Top Five' na Europa".

Antes de correr de Byte em Nanquim, em agosto, Pedro, que já havia assegurado o título sul-americano na véspera da última regata, pretende disputar o Mundial da classe, em abril na Itália, com os apoios do Audi YCSA Sailing Team e da CBVela. Foram dez primeiros lugares em 12 provas, justificando a avaliação de Bieckark. O associado do YCSA, mora e treina em São Sebastião, onde é integrante do Projeto Ventos e Velas da prefeitura municipal.

Considerando-se os dois descartes, Pedro desenvolveu uma campanha perfeita, com dez pontos perdidos. As outras duas vagas masculinas para os Jogos Olímpicos da Juventude ficaram com Chile e Peru, pelas atuações de Clemente Lacamara e Angello Farias, respectivamente, com 36 e 58 pontos perdidos. O Sul-Americano de Byte CII teve a promoção do YCSA e da FEVESP (Federação de Vela do Estado de São Paulo) com as chancelas da ISAF (Federação Internacional de Vela) e da CBVela.

A regata final foi disputada com vento fraco, entre cinco e seis nós (menos de 10 km/h), na direção noroeste. "Além de fraco, o vento estava muito rondado. Foi difícil posicionar a boia de contra-vento para darmos a largada. Essa condição exigiu muita perícia dos velejadores, mas a festa que fizeram na água ao final do campeonato, mostra que todos estão felizes", comentou o presidente da Comissão de Regatas, Claudio Buckup.

História da Byte no Brasil- O Brasil entrou para a seleta lista dos países construtores de um dos barcos que mais se vende em todo o mundo, o Byte, em 2004. A Armada Boats adquiriu os direitos de fabricação do modelo desenhado pelo canadense Ian Bruce e passou a produzi-lo em São Paulo. Sem uma flotilha consistente no Brasil, o Byte é uma embarcação individual de alta performance, mede 3,8 metros, pesa cerca de 45 kg e é indicado para velejadores de 40 a 70 kg, muito usado por jovens e mulheres.

O preço competitivo aliado ao desempenho é o principal motivo da popularidade do barco em outros países. A economia na fabricação e no preço do Byte é resultado da experiência que Ian Bruce acumulou no projeto do Laser do qual foi um dos colaboradores. Para a criação da nova versão, o Byte CII, foi desenvolvido um processo contínuo de laminação, que torna todas as etapas mais baratas e confere ao barco uma estrutura altamente resistente.

Em relação ao modelo original, o Byte CII ganhou também mastro de carbono e um novo desenho para a vela, melhorando seu rendimento. Com mais de quatro mil embarcações espalhadas pelo mundo, o Byte é fabricado no Canadá, Reino Unido, Itália, Singapura, Austrália, Polônia e Argentina, além do Brasil.

Yacht Club de Santo Amaro - Fundado em 1930, o YCSA consolidou-se ao longo de oito décadas como um celeiro de campeões da vela à margem da Represa de Guarapiranga, extremo sul de São Paulo. Conhecido também por Clube dos Alemães, devido à origem de seus fundadores, o YCSA sustenta como principal missão revelar os talentos para a vela brasileira. Campeões e medalhistas olímpicos, mundiais e pan-americanos como Robert Scheidt, Alex Welter, Cláudio Biekarck, Reinaldo Conrad, Peter Ficker, Gunar Ficker e Marcelo Batista elevaram o Brasil em suas conquistas nas principais competições mundiais.