Novo sistema de tratamento de esgoto Pisa começa a operar em Porto Alegre

 

Nos próximos quatro meses, a rede funcionará em fase de testes, captando quantidade mínima

 
Novo sistema de tratamento de esgoto Pisa começa a operar em Porto Alegre PMPA/Divulgação
Imagem da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Serraria, que entrou em funcionamento em 12 de março, na Zona Sul Foto: PMPA / Divulgação
 
Por Bruna Porciuncula zerohora.com

O sistema de tratamento de esgoto do Programa Integrado Socioambiental (Pisa) começou a operar na Capital. Foram meses de tratativas entre o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), a Fundação de Proteção Ambiental (Fepam) e o Ministério Público (MP).

Nos próximos quatro meses, a rede funcionará em fase de testes, captando uma quantidade de esgoto mínima, algo em torno de 500 litros por segundo – o que corresponde a 12,5% da capacidade total da estação.

O início das operações do Pisa é um marco na área de saneamento da cidade. A Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Serraria tem capacidade para tratar 4,1 mil litros por segundo, o que representa cerca de 80% do esgoto coletado atualmente – abrangendo mais de 1 milhão de pessoas que vivem em Porto Alegre.

Antes do sistema entrar em funcionamento, a Capital tratava apenas 30% do esgoto. De acordo com as previsões do projeto, o Pisa deve garantir a balneabilidade do Guaíba em bairros como Praia de Belas e Vila Assunção até 2030.

A largada na operação da ETE Serraria vem com pelo menos dois anos de atraso, considerando as expectativas do Dmae. O início só ocorreu depois que o departamento municipal assinou, em dezembro, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), em que se comprometeu a fazer ajustes nas operações e a monitorar o comportamento do Guaíba e a qualidade da água na área de dispersão do esgoto tratado.

Qualidade da água do Guaíba é monitorada desde dezembro

Um dos pontos em que Fepam, MPE e Dmae não entravam em consenso era o local em que o resíduo seria depositado no Guaíba. O emissário final, a tubulação que lançará o efluente na água, foi construído com 1,6 mil metros, mil a menos do que o projeto inicial previa. O Dmae justificou a alteração ressaltando que havia modernizado o sistema de tratamento, o que garantiria um resíduo final mais limpo e menos poluente.

Prospecções sobre a dispersão em uma área mais próxima da orla e estudos foram entregues à Fepam, que os considerou insuficientes, especialmente porque não havia dados consistentes sobre o comportamento do Guaíba. A fundação teme que ocorra um acúmulo de coliformes e também de nitrogênio e fósforo na água, o que poderia causar uma proliferação de algas no Guaíba e um dano ambiental ainda maior ao curso d’água.

Com o TAC, o Dmae se comprometeu a monitorar o Guaíba e a avaliar a qualidade da água, trabalho que vem sendo feito semanalmente desde dezembro, tão logo foi assinado o termo.

– Também contratamos três especialistas independentes, que não são ligados ao Dmae nem à Fepam, para avaliar os resultados dessa pré-operação para que não haja dúvidas sobre a qualidade do sistema – disse o diretor do Dmae, Flávio Presser.

Com os relatórios do monitoramento em mãos e se os resultados forem favoráveis, a Fepam deve conceder o licenciamento para que a vazão de esgoto tratado aumente gradativamente, sempre observando o efeito disso na água.

– Com certeza, se houver a configuração de algum dano ambiental, a Fepam pedirá a construção imediata do emissário final no tamanho original, até o canal de navegação, onde sabemos que a dispersão do resíduo ocorre com mais facilidade – explica Diego Carrillo, hidrólogo da Fepam e coordenador do grupo de trabalho que acompanha a execução do TAC.