Histórias a bordo: Petit Prince no Atlântico Norte (42° Norte, 70° Oeste)

No Histórias a Bordo de hoje, compartilhamos o relato de aventuras do amigo Paulo Vinícius Passos, que durante sua trajetória de volta ao mundo com o barco Petit Prince - que teve o Veleiros do Sul como um dos destinos - enfrentou desafios nas águas congeladas da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos.

Confira a história completa: 

“Outono se despede. Inverno começa logo logo, dia 21. Será o dia mais curto no Hemisfério Norte. Começo do Verão no Hemisfério Sul, logo, dia mais longo, noite mais curta.

Estamos em um porto onde suas águas praticamente não congelam mais. O clima é mais 'ameno', pois o mínimo são 2 graus centígrados positivos e a água salgada não congela. Para o interior, com morros, há mais frio, neve e gelo acumulam-se.

Nos últimos dias temos tido pouca temperatura negativa durante o dia. Então, com temperaturas positivas, aliado a um pouco de Sol, a neve e o gelo derretem.

Passei a bordo do Petit Prince o inverno passado neste extremamente amigável porto. O mínimo de frio foi o dia que fez 14 graus negativos. Foi maravilhoso. Apesar de ficar com bastante medo de voltar para bordo. O vento e a neve à noite machucavam os olhos, a única parte do corpo não protegida. Neve se acumulou muito rápido no chão. Quase rastejei na ponte para os flutuantes e nos flutuantes. Pânico de cair na água naquela tempestuosa e mais gelada noite que vivi. Óbvio que não tinha ninguém por perto caso desse um tchibum nada voluntário.

Todos falaram que foi super amena a estação, inverno camarada. Sim, com razão. Apesar do frio, Petit Prince chacoalhando nas ondinhas daquele ventão, a doida da Maria Bonita não nos aqueceu não. Os dois sacos de dormir foram suficientes. Ir se aclimatando é tudo.

Porém em uma tempestade com vento vindo do norte, aquele vento que vem do Ártico, 'varre' o geladíssimo Canadá e chega muito frio por estas bandas, eu e Petit Prince tivemos uma experiência singular.

Barcos tem umas boias, (às vezes pneus) pendurados em suas laterais para protegerem seus cascos. Tanto quando estão atracados em piers, ou ao lado de outros barcos. Chamamos estas bóias de 'defensas'.

Na pior tempestade do norte do ano passado as defensas congelaram, ficaram duras.

O Petit Prince estava atracado ao sul de um flutuante. Logo o flutuante ao nosso norte, de onde veio a congelante tempestade.

Como de costume, as defensas estavam entre o barco e o flutuante.

Com o movimento das ondas, chuva e neve, as defensas foram molhando, já extremamente rígidas por estarem congeladas, e escorriam naqueles 'picolés' no qual se transformaram. Já não 'protegiam' nada o casco, muito pelo contrário.

Água acumulou em baixo e formavam um bulbo de gelo, pareciam um cotonete gigante, só que a ponta em vez do mácio algodão, era um muito concreto gelo.

Tempestade de inverno que transformou as defensas em marretas.

Gostei não. Tive de tomar providências antes que destruíssem o casco.

Foi em janeiro de 2020. Bora ver o que acontecerá nas próximas semanas.”

E aí, qual a sua história? Mande o seu relato com foto para comunicacao@vds.com.br e divida a sua aventura com os leitores do site do VDS.