Histórias a Bordo: Expedição Águas de Interior segue rumo ao sul do estado

O associado do Veleiros do Sul, Gustavo Santos, na companhia da esposa Andréia, leva a flâmula do VDS pelas águas do Rio de Grande do Sul. A navegação faz parte da expedição Rumo ao Sul III, do projeto Águas de Interior, que teve início no último sábado (30), com largada do VDS. 

Confira o relato de Gusta:

“Saímos do Clube no sábado, 30 de janeiro, por volta das 11h15 da manhã. Levantamos as velas e ao lado do farol do já estávamos velejando. Vento NO na casa dos seus 5-7 knots. A primeira coleta de água foi feita bem na linha entre o Sava e a Piava. Seguimos num 3/4 empopado em uma velocidade média de 5 nós. Após a segunda coleta, que foi na Ponta Grossa, o vento parou. E, além disso, à nossa frente havia um barquinho de pescadores tirando uma rede irregular, pois estávamos em período de Piracema (pesca proibida), conforme íamos passando. E ainda fizeram uma sinalização que podíamos passar hehe... Resolvemos ligar o motor e seguimos rumo a Ilha de Chico Manoel. As previsões marcavam chuva para o fim da tarde. Chegamos à ilha por volta das 16hrs. Bem abrigados e “em casa” assamos um peixe na brasa e aproveitamos para descansar. No início da noite muitos raios a nossa volta, e posteriormente entrou a chuva.

Na manhã do dia 31 o dia amanheceu com algumas nuvens carregadas e vento fraco de SO. Tomamos um bom café da manhã cuidando possíveis alterações no tempo. Tudo se manteve e resolvemos partir rumo a Ilha do Barba Negra, já na Lagoa dos Patos. Eram 11hrs quando o “Aurora” começou a planar novamente pelas águas do Guaíba. Entrou um vento contra com maior intensidade, onde nos fez dar muitas cambadas e finalmente estávamos passando o Farol de Itapuã, o “Cabo Horn gaúcho”. Finalmente, pois só no último trecho levamos 2 horas. Feita a terceira coleta de água e seguimos rumo ao Barba Negra. Como temos a vantagem de nosso barco permitir navegarmos com pouca profundidade resolvemos cruzar por cima do banco da Formiga. Tivemos que entrar na Ilha com bastante cautela, pois estava muito raso. Atracamos aproximadamente às 17hrs. Neste momento avistamos um barco com 2 pescadores que ali estavam aguardando a liberação da pesca que ocorreria no dia seguinte. Conversamos um pouco, nos contaram sobre as boas expectativas em relação a pesca deste ano, que eram residentes da Ilha da Pintada e ficariam ali por uma semana.

Dia 1º saimos às 7h30 do Barba Negra rumo a Tapes. No lado oeste da Ilha fizemos a quarta coleta. Sobre a Ilha podemos dizer que é um paraíso, possui um bom abrigo para embarcações com baixo calado, riquíssima na sua fauna e flora. Porém, nos deixou triste ver a quantidade de lixo ali presentes. Com certeza muitos vieram por água, mas também nota-se lixo deixado por frequentadores. Foi um dia longo de velejo, às vezes com vento e às vezes zero vento. Muitas nuvens carregadas e avistamos três pontos de chuva a nossa volta. Por sorte nenhuma nos atingiu. Eram 17h30 quando atracamos no Clube Náutico Tapense. A cerca de 20hrs "preteou o olho da gateada”. Raios e trovões, os famosos temporais de verão do Sul do Brasil. Um ponto negativo da entrada do saco de Tapes é a má sinalização das bóias do canal de navegação.

Na manhã do dia 2 fomos convidados pelo nosso vizinho de Box, o Claúdio e sua família, para participarmos a bordo do barco deles (um pesqueiro de aço de 5 toneladas) da procissão de Iemanjá. Já havíamos decidido em função das previsões que ficaríamos em Tapes por três dias até passar fortes chuvas e ventos que se aproximavam. Prezamos sempre pela segurança da tripulação e da nossa embarcação. Foi um belo de um passeio numa manhã tranqüila, ensolarada e sem vento. Muitas famílias a bordo das suas embarcações enfeitadas acompanharam a procissão. Foram duas horas “motoriando”, onde pudemos conhecer melhor as prainhas que formam o saco de Tapes.

As previsões bateram, dias 3 e 4 de fevereiro foram de temporais esparsos e com momentos de ventos fortes. Aproveitamos esses dois dias em terra para trabalharmos em imagens e relatos. Nossa ideia, pelo que mostram os quadros meteorológicos, é de sábado dia 6 partirmos de Tapes navegando com destino ao Rio Camaquã, se tudo der certo.

Seguimos rumo ao Sul com destino final Rio Jaguarão, na divisa Brasil com o Uruguai."