Memória Minuano: Velejar se aprende na Escola

A série Memória Minuano de hoje volta para 2007 com o texto “Velejar se Aprende na Escola”, publicado na edição número 108 da revista O Minuano, do Veleiros do Sul. Confira:

“A imagem de um barco indo com suas velas cheias pelo vento é sempre cativante e até para muita gente apenas um sonho. Ficam imaginando que navegar é algo restrito a uns poucos privilegiados ou que conduzir um veleiro é algo misterioso e difícil de ser desvendado. No entanto, não sabem que vela também se aprende na escola. Desde a década de 70 o Veleiros do Sul tem forma do velejadores de cruzeiro e competidores de regatas na sua Escola de Vela Minuano que possui grande tradição no ensino da navegação. Com um sistema educativo desenvolvido pelo conhecimento e experiência neste segmento, a escola tem como um dos seus principais objetivos fazer que a vela seja acessível a um número cada vez maior de pessoas. Por isso nela frequentam também pessoas não sócias do Clube.

A Escola de Vela Minuano tem uma média mensal de 30 alunos somando-se os integrantes dos cursos infantil, adulto e as crianças que pertencem a flotilha Minuano de Optimist. O número aumenta se incluirmos os cursos de habilitação da marinha. Os níveis variam, desde a iniciação a vela até os de aperfeiçoamento. A escola oferece embarcações seguras das classes monotipos e oceano. Os professores possuem boa experiência e também são constantemente atualizados.

O dever de uma escola de vela é ensinar a velejar, nada soa mais óbvio. Mas nem tanto para o diretor da Escola de Vela Minuano, Boris Ostergren, 65 anos, campeão mundial de snipe em 1977 e medalha de bronze no Pan de 1979. "Muitas vezes pergunto para uma pessoa se ela sabe velejar e a resposta é: 'fiz um curso de vela'. Não há segurança. Ela passou por uma escola, mas não se sente em condições de andar sozinha”, revela Boris. O trabalho desenvolvido pela Escola Minuano é justamente dar essa segurança ao aluno. “A meta de nossa escola é fazer que o aluno só acabe realmente o curso quando estiver preparado para velejar com toda segurança”, diz Boris que já foi técnico da equipe olímpica brasileira.

Mas o ensino não está centrado somente no aspecto técnico. O esporte da vela é também um caminho para o desenvolvimento pessoal, o enfrentamento de situações que servem para o cotidiano. Esses fatores, principalmente nos jovens, têm grande peso por que navegar leva a pessoa ter maior confiança em si mesma, a ser mais responsável e solidária com os outros.

Olhar da vela

Muitas pessoas começam a velejar motivada por parentes e amigos. Elas chegam já com alguma noção sobre o assunto. Mas nem sempre é assim. A vela às vezes é um planeta distante para as pessoas, até descobrirem que está aqui mesmo bem perto delas. Um caso desses foi a aluna Mara Fernandes, 47 anos, que costumava olhar de binóculos da janela do seu apartamento na Zona Sul, o movimento dos barcos no Guaíba, principalmente as regatas. Até que um dia o seu marido perguntou: "por que tu ficas só olhando da janela e não

vai aprender a velejar?” E foi o que ela fez... O primeiro passo foi um telefonema de Mara para saber se uma mulher “baixinha e magra” tinha condições de velejar. Depois veio conhecer a Escola de Vela Minuano:

- Já no começo do curso fui perdendo o medo, apesar da minha cara, parecer dizer o contrário, mas o professor Anderson tranqüilizava todo mundo. Depois de aprender o básico, passamos para o barco de oceano onde formamos uma turma legal de mulheres. Houve uma grande integração e união do grupo. Foi uma experiência muito positiva na minha vida. Depois ela trouxe o filho Alexandre, de 12 anos, para aprender a velejar.”

*O Minuano: junho/2007 - nº 108