Histórias a Bordo: cada dia uma vitória

A bordo do veleiro Papillon desde o início do mês abril, os associados do VDS Vitor Pereira e Ana Mäler, na companhia das shih-tzu Linda e Star, vivem a mais esperada aventura de suas vidas. O sonho de morar a bordo se tornou realidade! 


De Porto Alegre a Rio Grande, Florianópolis e Itajaí, foram muitas as experiências e os desafios vividos pelo casal nestes dois primeiros meses de mudança até então.

Confira o relato de Vitor e Ana e viva um pouco do início desta jornada de volta ao mundo com eles:

Zarpamos dia 08/04 do VDS rumo a Rio Grande, com muitas expectativas sobre como seria o resto de nossas vidas.

Ainda na véspera da partida um amigo logo disparou: “olha, a Ana tem certeza do que irá enfrentar?! Acho que espero vocês lá em Floripa, com uma petição de divórcio”.... já que a passagem do temido e repleto de folclore litoral gaúcho para esposa e 2 dogs seria um grande desafio.

Ledo engano, descemos a Lagoa com NE médio de 23 knots, só no pano e com o barco muito bem equilibrado. Fomos recebidos com uma gentil fiscalização da Marinha do Brasil para Dctos, Salvatagem e informações sobre nosso roteiro.

Atracamos no Museu Oceanográfico uma vez que o trapiche de fora do RGYC estava lotado com outros veleiros aguardando a frente S que nos levaria a SC.

Então, dia 12/04, perto das 7 horas da manhã partimos rumo ao nosso próximo destino. A descida até os Molhes de Rio Grande leva umas 2 horas e são horas de expectativa, pois perguntas como “Como será que está a ondulação? O vento será o mesmo da previsão?” e tantas outras sobre o barco e o tempo do percurso são comuns. 

Saímos da Barra com razoável ondulação já que com Frente S era de se esperar. Seguimos tranquilos, organizados e preparados para o trecho.

Aproximadamente 26 horas após o zarpe, nosso motor desligou no través de Tramandaí. Sem sinal de telefone, internet, sem vento e ondas de 2,5 mts ficamos um tempo à deriva. Subimos as velas mesmo sem vento e conferimos o equipamento na busca de uma solução.

Nesse momento, toda tripulação se manteve serena, equilibrada e com movimentação pró ativa. A união de todos, cada um a seu modo, foi mágica e trouxe toda energia positiva que era necessária para aquele instante.

Conseguimos religar o motor em baixa rotação, o que nos ajudou a equilibrar o barco, manter um deslocamento e aguardar o vento que algumas horas depois encheu as nossas velas e nos levou até Laguna com segurança.

Conseguimos manter média de 4 knots a 1.300 rpm e decidimos entrar pela Barra Sul de Florianópolis rumo ao Veleiros da Ilha onde teríamos mais condições de fazer o reparo necessário. A entrada da Barra foi mais um desafio, pois só com o motor e em baixa rotação tivemos que vencer algumas ondas grandes que se formam ali naquelas condições com um grande swell.

A chegada foi fantástica, emoções à flor da pele, uma gratidão imensa e o sentido de missão cumprida.

O veleiro nos leva a lugares distantes, une pessoas, nos entrega grandes emoções e aprendizados para a vida.

Um translado desses nos modifica de dentro para fora e sem dúvida nenhuma nos faz pessoas melhores.

Nos despedir dos nosso 2 tripulantes e amigos Carlos Sombra e Marcus Silva foi difícil, pois formamos uma família a qual não se deseja separar, porém faz parte da vida e então depois de reparado o problema (Entupimento do Pescador do Tanque de Diesel) demos adeus também ao ICSC que nos recebeu muito bem e seguimos em frente, dando a volta na Ilha rumo Jurerê, Tinguá, Magalhães, Porto Belo e finalmente Marina Itajaí onde estamos aproveitando para fazer ajustes, descansar um pouco nessa vida de Marina que não é nada mal.

Estamos todos bem, felizes, convictos de nossas decisões e com olhos no futuro para novos lugares a serem explorados, vividos e sentidos como a vida tem que ser.

Por Ana, Vitor, Linda e Star