Memória Minuano: O inovador barco Cayru

O Memória Minuano de hoje relembra a matéria especial sobre o barco Cayru, de Leopoldo Geyer. A matéria foi publicada na edição número 104 da revista O Minuano, do Veleiros do Sul, em 2005.

Há 70 anos era lançado nas águas do Guaíba um veleiro cabinado que foi um marco não só para a construção naval do RS como também para o iatismo gaúcho. Em 1935 Leopoldo Geyer foi a Berlim e lá viu um barco navegando nas cercanias da cidade que o deixou enfeitiçado.

Obteve as plantas do próprio projetista e quando voltou a Porto Alegre contratou Roberto Funck para construir um similar no estaleiro do Veleiros do Sul. O barco batizado de Cayru tinha uma pequena cabine que dispunha de beliches para três pessoas. Suas dimensões eram: 8 metros de comprimento, 2 metros de largura, 25 m2 de área vélica, 1m12cm de calado e quilha fixa de 750 quilos. O seu deslocamento era de 2 toneladas. O barco era capaz de enfrentar a Lagoa dos Patos. A construção do barco teve início em 30 de abril de 1935 e foi concluída em 22 de setembro. A novidade não era só o projeto, mas também a utilização de todo material produzido no RS. Uma preocupação da época de mostrar a força da indústria gaúcha.

O Cayru velejando pelo Guaíba com o seu proprietário Leopoldo Geyer

Na sua construção foram empregadas madeiras: Louro, Cedro, Cabriúva e Gapriapunha. Os macacos (esticadores) e os parafusos de latão foram feitos pela fábrica Cypriano Micheletto & Irmãos, as vigias e as demais peças de metal pela fábrica Schmeling & Herzfeldt. Os cabos de algodão pela Cordoaria Renner, de São Leopoldo. A quilha de chumbo foi fundida pela firma Glotz, Schmitz & Cia. Os modelos para as peças de metal foram feitos pelo modelador Erwino Buehler e o estofamento por Arthur Koller. A pintura foi executada por Francisco Moreno. A construção do barco obedeceu a direção do engenheiro naval Roberto Funck, com a assistência de Jacob Zeller, Roberto Moritz e José Piersch.

O Cayru deixando o estaleiro do Veleiros do Sul. O destaque do barco também era por ter sido todo construído com material “rio-grandense"

Na exposição comemorativa do Centenário da Revolução Farroupilha realizada no Parque da Redenção, o Cayru foi exposto no pavilhão do Rio Grande do Sul. Milhares de pessoas subiram por uma escada para vê-lo. Foi um sucesso. A Comodoria aproveitou para imprimir um folheto explicativo para ser distribuído aos visitantes, promovendo o Veleiros do Sul, a construção naval e o iatismo em Porto Alegre.


O barco sendo içado por guindaste no porto para ser transportado até o Parque da Redenção onde ficou a amostra na exposição comemorativa do Centenário da Revolução Farroupilha


Barco já dentro da água. O seu nome foi uma homenagem ao Visconde de Cayru, mentor do decreto imperial que abriu os portos nacionais ao comércio estrangeiro

*O Minuano: 2005- nº 104