Diário de Bordo: Cidade Maravilhosa a vista!

 

A bordo do veleiro Papillon, os associados Vítor Pereira e Ana Mäler destacam a navegada rumo ao Rio de Janeiro na nova edição do Diário de Bordo do VDS. 

Confira o relato completo da experiência do casal na cidade maravilhosa! 

Se passaram 6 meses e nós precisamos seguir subindo a costa, por mais agradável que seja a Baía de Ilha Grande, chegou a hora de seguir em frente. 

Foram bons momentos, ótimas velejadas, quase sempre do tipo social e por mais que não pareça, nós esquecemos um pouco do que é ficar balançando na âncora, ou pegar aquela “ventorréia” que por vezes é mesmo estressante. 

Saímos do Marina Bracuhy após o almoço em direção a Vila do Abraão na Ilha Grande, ponto mais próximo a nossa rota rumo ao Rio de Janeiro. Por lá pernoitamos e as 5:00 hs do dia seguinte levantamos âncora e zarpamos. 

Foi um traslado tranquilo, pouco vento e tivemos que fazer o tal “motorsailing” que é usar vela e motor em conjunto. 

Fomos rápido, aliás nosso barco tem se mostrado muito ligeiro em todas as condições de uso, o que é ótimo pois ganhamos tempo e o desgaste em uma viagem fica bem menor. 

A chegada na Baia da Guanabara é um esplendor, Cristo, Pão de Açúcar ... A vista da Barra, Leblon, Ipanema, Copacabana é coisa de cinema, ainda mais em um dia ensolarado como estava.

Chegamos as poitas do ICRJ, onde fomos muito bem recebidos. Aliás tenho que comentar aqui que os convênios do nosso clube com os demais clubes brasileiros tem sido uma grata experiência para nós e o do Rio não foi diferente. 

A expectativa seria de uma permanência no máximo de 20 a 30 dias, pois ali esperávamos resolver algumas coisas de trabalho e de vida pessoal que envolvesse bancos, cartórios, tirar cópias, coisas simples para quem vive em terra, mas as vezes complicadas para quem vive no mar. 

Falando na parte do turismo, fomos ao Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Jardim Botânico, vimos uma peça com o Miguel Falabella entre outros passeios. 

Tem ainda a parte histórica que destaco o Paço Imperial que foi usado por D. João VI, Pedro I e Pedro II e que aliás está muito bem cuidado. 

Fomos ainda a uma Feira de Vinhos no Jockey Clube e a um recital no Teatro Municipal de uma pianista japonesa ganhadora de um Grammy Awards. 

O Rio de Janeiro tem o pior e o melhor dos mundos, os preços nada em conta e sentimos que o carioca tem estado estressado com as dificuldades que enfrentam no dia a dia da cidade.

Vou dizer com muita convicção que os lugares onde nos pareceu mais amistoso ou seguro foi a Urca, o Leme e o Leblon pois no mais o Rio anda feio, carrancudo e até mesmo continua perigoso.

No que tange as manutenções que precisávamos fazer foi dureza, os prestadores de serviço não chegam no horário, muitas vezes nem chegam, não ligam, não dão satisfação. 

É um tal de “Mermão”prá lá, “Mermão”prá cá, mas andar com as coisas, nem pensar. Até mesmo com amigos sociais sentimos uma certa dificuldade em marcar qualquer coisa. 

Mas de fato, quando a gente chega em novos lugares, acabamos nos adaptando e seguindo o ritmo local. Depois de uns 15 dias já não estava mais me importando com toda essa falta de compromisso dos cariocas e até virou motivo de piada entre nós. 

Na nossa chegada a Star começou a não querer comer, puxa...já passamos recentemente por isso com a Linda e nossas luzes vermelhas já se acenderam. Então já corremos atrás de uma veterinária, exames e cuidados. 

A Star está com 16 anos, pode se dizer que ela é Highlander pois não é comum um cão chegar a essa idade. Passamos por várias clinicas especializadas, até mesmo uma de cardio para detectar o que estava havendo. 

Começamos o tratamento e ela respondeu bem aos medicamentos e gradativamente o apetite dela voltou e agora está como uma guriazinha. 

O nosso maior B.O. foi com o gerador que rompeu uma peça interna, a qual passava água salgada e danificou tudo por dentro. 

O gerador para nós que vivemos a bordo é um item fundamental para o bem-estar de todos e imaginem o perrengue que foi estar no Rio e ter que retirar o gerador do barco, na poita, dependendo de bote ...... foram dias de luta meus caros, mas como dizemos por aqui: - Cada dia uma vitória. 

Pare resumir, retiramos o equipamento, em partes, mandamos para Angra, onde tenho uma empresa de confiança para o serviço e mesmo assim acabamos tendo que adquirir um outro pois o reparo do anterior seria muito demorado e não temos como esperar por isso aqui no Rio.

A saga agora era receber o novo, instalar estando numa poita e dependendo de bote de apoio para toda movimentação. 

Como não tá morto quem peleia, acabamos concluindo essa etapa em 3 dias o que nos pareceu muito bom e acima das expectativas. 

Foram 52 exatos dias na Baia da Guanabara, apoitados no ICRJ onde fomos muito bem atendidos pelo clube, nos estenderam o prazo do convênio por gentileza e por empatia pelos perrengues técnicos que tivemos. Lá subimos o barco para troca de anodos e verificação geral do fundo além da revisão do nosso motor para seguir viagem. 

Resumindo, o carioca já não é mais aquele brincalhão e leve como no passado, a cidade não é mais assim tão maravilhosa, mas ainda sim é o Rio de Janeiro, cartão postal do Brasil e palco de muita história e tradições e, portanto, segue merecendo nosso respeito. 

Somos gratos por nos abraçar e ter nos proporcionado lindos dias, memórias inesquecíveis e ter nos dado amigos que levaremos no coração para sempre.

Até a próxima! 

Bons Ventos 

Vitor, Ana e Star
Veleiro Papillon

#somosvds