Nota de Falecimento: Roque Moraes

É com profundo pesar que o Veleiros do Sul comunica o falecimento de Roque Moraes, um dos principais colaboradores da história do clube. Ele começou a trabalhar no VDS em 1964, entregou sua vida à marcenaria náutica e partiu no Dia do Trabalhador, marcando seu legado e sua contribuição de mais de 60 anos para a vela brasileira.

Roque foi o construtor dos primeiros barcos Optimist do Veleiros do Sul e do Brasil, em 1973, que possuíam casco de cedro naval e estrutura de madeira maciça. Tudo começou durante uma viagem a Buenos Aires para um campeonato de Pinguim (classe da qual ele também construiu pelo menos 32 barcos, segundo seus próprios registros). Na ocasião, acompanhou a flotilha do VDS e sua capitã, Rita Rischter. Ela impressionou-se com a potência dos barcos e foi então que perguntou se Roque conseguiria reproduzi-los:

“Falei que sim, e ela conseguiu um projeto. Foi o começo de tudo. [...] Eu participava não só da fabricação dos barcos, mas também acompanhava as regatas e o desempenho deles, buscando melhorar a qualidade. Isso foi muito importante para mim.”

Com essa ligação, Roque ajudou a transformar o esporte e o ensino da vela no país, fazendo parte da formação de muitos sócios que hoje estão no clube e que iniciaram suas trajetórias nos barcos construídos por ele.

A Escola de Vela Minuano (EVM) é um marco em termos de tradição, e Roque fez parte dessa história. Na década de 1980, ele construiu 10 barcos de madeira que foram usados pela EVM até muito recentemente. Em uma de suas memórias, Roque lembrou que, em 1981, nove dos quinze primeiros colocados no Campeonato Brasileiro de Optimist eram do clube. Ao todo, foram 560 barcos construídos pelas mãos do marceneiro do VDS.

“Foi um negócio que aconteceu naturalmente, mas que transformou a minha vida”, disse ele.

Chamado de “Senhor Optimist” pela Revista Náutica, Roque teve sua fama reconhecida nas décadas seguintes, mas seguiu contribuindo com o meio náutico mesmo após a fibra de vidro substituir a madeira. Ele foi essencial nos reparos das embarcações de apoio do clube ao longo dos anos e formou discípulos que hoje honram a profissão e seu legado com o mesmo respeito que dedicavam ao mestre.

“Toda embarcação de fibra leva muita madeira em seu interior, e não é qualquer marceneiro que sabe fazer reparos nessas peças”, explicava o querido colaborador, que agora parte para construir histórias em outras águas.

O Veleiros do Sul agradece por toda a dedicação de Roque Moraes e se despede com a certeza de que seu legado seguirá navegando em cada barco, em cada regata e em cada velejador que ele inspirou.