Barco Yara completa hoje 73 anos no Veleiros do Sul

Foto banner: O Yara no pátio do Veleiros do Sul indo para água em 24 de abril de 1946

Yara é presença constante nos Velejaços

Os barcos são mais que apenas cascos e velas. Eles possuem histórias, carregam afetos, lembranças, aventuras e também deixam um pedaço seu na vida dos seus donos. E há casos que é considerado quase como um membro da família, como o cúter Yaramar que foi construído por Bruno Altreiter e nunca mais saiu da família e nem do Veleiros do Sul.

Essa história teve início em 24 de abril de 1946, quando ocorreu o batismo do Yaramar, que por muitos anos ostentou apenas o nome Yara em seu costado, sem que se saiba o motivo. Foi num dia festivo que na antiga sede do Veleiros do Sul no bairro Navegantes, quando os sócios proprietários do barco, Bruno Altreiter e Eberhard Herzfeldt festejaram o seu lançamento na água, com direito a discurso da madrinha Helga Krepski e presença de vários convidados.   

 Construído pelos proprietários, o veleiro foi considerado uma verdadeira joia de perfeição e acabamento. Foi destaque na revista Yachting Brasileiro de maio de 1946 com a matéria: “Yara, o novo e elegante cuter gaúcho”. Bruno e Eberhard trabalharam nas horas vagas, durante três anos e meio em uma garagem nos fundos de uma casa numa rua do bairro São João. Conta a lenda que o comentário na época era a comparação com a atriz Rita Hayworth. “O Yara é como a Gilda: Não existe mulher de linhas mais bonitas que a Gilda, e barco de linhas mais bonitas que o Yara”.

Bruno Altreiter Filho, 62 anos, conta que o projeto era de um barco apropriado para navegar em águas rasas.
“Ouvi do meu pai que o projeto era alemão e veio por intermédio de Roberto Funck, renomado construtor de barcos de madeira. Na época velejavam mais pela área do Delta do Jacuí e por isso pensaram num barco com pouco calado e grande área vélica, mas não contaram com a possibilidade do vento forte no Guaíba. O Yara foi construído todo com madeiras nobres: casco de cedro vermelho e convés de louro, as tábuas inteiras ajustadas para formaram a linha mais estreita até a popa. Um trabalho muito bom”, diz Bruno.

O Yaramar também começou a participar das regatas e foi o campeão na primeira Regata longa da classe Oceano no estado, a Porto Alegre – Feitoria, de 200 milhas de distância. A regata, largou no dia 27 de abril de 1954 em frente ao cais de Porto Alegre e chegada era na ilha dos Holandeses, no canal da Feitoria, na Lagoa dos Patos.Na tripulação campeã estavam: Bruno Altreiter, Ebehard Herzfeld, Hugo Baumann, Erwin Ettrich, Charles Baumann e Waldemar Schoeler. Tempo de regata: 43h45min.

Atualmente o barco está sob o comando do neto Augusto Altreiter, 30 anos. Skipper profissional, senti saudade de velejar no Yaramar quando se afasta de Porto Alegre.

“Ando nele desde menino. Hoje nós usamos ele para pequenos cruzeiros pelo Guaíba e Lagoa dos Patos e algumas regatas bico de proa. Sempre que posso estou lambendo o barco. Tenho carinho e orgulho dele. Dizem que barco de madeira tem vida porque, tu sentes a ‘respiração’ da madeira”, o cheiro do cedro, isso realmente faz sentido. Enquanto puder manterei o barco navegando”, diz Augusto.  

Ao longo dos anos o Yaramar passou por algumas transformações, como a diminuição da popa e a colocação de um banheiro, que o projeto não contemplava e ainda um pilot house. 

Apesar das mudanças, milhas e anos o Yaramar ainda conserva as linhas clássicas de Gilda e sua silhueta é facilmente reconhecida velejando ou na marina do VDS, a sua casa paterna. (Matéria publicada na revista o Minuano Nº 138 de 2016)       

Características do barco

Comprimento: 12m15cm

Linha da água: 9 metros

Largura: 2m63cm

Calado patilhão bolina: 90 cm

Área vélica: 40 metros