Homenagem a Rita Richter, fundadora da flotilha Optimist do VDS

Faleceu ontem, 23 de fevereiro de 2021, aos 92 anos, Rita Richter, fundadora da classe Optimist do Veleiros do Sul, deixando um enorme legado ao esporte a vela gaúcho. A Classe Optimist é a porta de entrada das crianças no mundo da vela. Rita trabalhava na orientação de crianças, a partir dos 6 anos. E o que exatamente era "orientar"? Dar instruções teóricas àquelas crianças? Muito mais do que isso, ela coordenava um trabalho de ensino visando o aprendizado, na prática, para que as crianças pudessem velejar sozinhas em seus minúsculos veleiros. O objetivo final é ensinar as crianças a, literalmente, tocar um barco sozinhas, competindo. Pense na grandiosidade que isso representa para uma criança a partir dos 6 anos. Extrapole a ideia e imagine os ensinamentos que isso pode trazer para a vida. E quem Você imagina que acompanhou, orientou e cuidou destas crianças por 10 anos nos campeonatos em Porto Alegre e em outros pelo Brasil, e até no exterior?... Imagine a responsabilidade, a dedicação, a paciência, a garra, a força de vontade.

Muito além do ensino do esporte a vela, Rita Richter acreditava que esta prática tinha muito mais a contribuir na formação das crianças do que simplesmente ensiná-las a fazer um barco andar a pano. Era tal seu entusiasmo pelo ensino da vela que, após fundar a Escola de Vela Minuano, do Veleiros do Sul, aos 43 anos, Rita incentivou, coordenou e acompanhou seus alunos por uma década. Muitos dos velejadores iniciados por Rita, que foi Coordenadora Regional da Classe Optimist, seguiram este caminho após deixarem a escola, tendo vários deles trazido troféus internacionais para o Veleiros do Sul.

Em seu livro "Minha Vida Feliz com os Optimist", 1988, Tia Rita, como era chamada pelos alunos, descreveu suas façanhas contando sua atuação junto à gurizada, tanto na água como também em terra. A atividade da Capitã da Flotilha Optimist era multidisciplinar, desde a organização de festas para angariar fundos para a participação de campeonatos em outros estados, como acompanhar regatas em botes infláveis, e lidar com os "pais optimistas", como Rita referia-se. Ela já havia coordenado outras atividades com crianças, como Lobinhos, e até mesmo na vela, na Classe Pinguim e, portanto, sabia bem o que fazia.

Rita levou seus alunos pelo Brasil participando de campeonatos em São Paulo, Rio, Vitória, Salvador, Recife... E levou-os também para Kiel, na Alemanha. Em tantas empreitadas, é normal que tivesse enfrentado imprevistos e peripécias, como dormir no chão em uma ocasião, e carona em camburão da polícia em Salvador quando faltou gasolina no Jeep do Exército que levava a gurizada para a rodoviária. Rita adorava toda essa função.

Viúva do Comte Bruno Richter, Rita teve quatro filhos e netos, deixando notável legado ao esporte a vela do RS.

Por Danilo Chagas Ribeiro 

Colaborou o Cmte Eduardo Secco Hofmeister, o Ferrugem, ex-aluno da Tia Rita