Toquinho e Vinícius na Chico

 

Nos anos 70 o ex-comodoro do Veleiros do Sul, Mário Hofmeister, assistiu com a filha Maria Rita a um show de Toquinho e Vinícius, no Teatro Leopoldina, em Porto Alegre. Ao final, Mário foi ao camarim com ela e convidou os artistas para um passeio à Ilha Francisco Manoel ("Chico"), sub-sede do Veleiros no Rio Guaíba. Toparam, com a condição de que fosse em segredo, e que fossem poucos convidados. Às 9h do outro dia, no Veleiros, Vinícius embarcou e pediu à Maria Rita um whisky. Mário tinha ido na frente para preparar o churrasco naquele domingo nublado de 1973.

Os filhos do ex-comodoro Hofmeister, Eduardo (Ferrugem) e Maria Rita, além de alguns poucos amigos tiveram o privilégio único de navegar ao som de Toquinho e Vinícius. Ao vivo! E de lambuja, Clara Nunes cantando. A banda foi junto. Toquinho, ora timoneava o veleiro, ora tocava.

A esposa de Vinícius pediu que avisassem quando estivessem na metade do caminho. Na Ponta Grossa ela então começou um ritual em que tirava rosas de um buquê e as passava em cada pessoa para em seguida jogar as flores no rio. Antes de chegarem à ilha a garrafa já havia sucumbido ao poeta. Na chegada, Vinícius pouco acostumado ao desembarque pelo púlpito de proa, foi cordialmente auxiliado.

Durante a tarde tocaram sentados em pedras com os privilegiados navegadores em volta. O vento sumiu e a volta começou a atrasar. Toquinho lembrou que tinham um show naquele dia. Vinícius ficou preocupado com a multa que pagariam se atrasassem o show.

Mesmo assim a navegada foi como outras, com direito à chuva e até a uma encalhada. Do clube alguns foram direto ao teatro onde o show começou na hora marcada.