Revista Náutica explica: quantos e quais motores vão bem em cada tipo de barco

 

 

Por Sergio Rossi
Da revista Náutica, edição 249


Quem tem barco com motor sempre espera o máximo de desempenho e a maior autonomia possível, para economizar tempo e combustível. Quer, enfim, eficiência — algo que não depende apenas do motor, mas também do sistema de propulsão. Se o conjunto não for eficiente, o barco jamais atingirá a performance desejada, mesmo se tiver o melhor dos motores. Mas, quantos e quais usar? As informações a seguir podem ajudar.

Foto: revista Náutica

Um, dois ou três motores de popa?

Um motor: é a motorização mais popular do mercado brasileiro, presente na maioria das lanchas de pesca e de passeio, até 26 pés. É leve, mais barato, fácil de instalar, exige pouca manutenção e, como sua rabeta pode ser erguida, permite navegar em águas rasas. Sua principal desvantagem é que só existe a gasolina, não a diesel.

Dois ou quatro tempos?
Apesar de mais pesados e com preços mais altos, os motores de popa de quatro tempos são mais econômicos e poluem menos que a maioria dos dois tempos, principalmente aqueles que ainda têm carburador. Por outro lado, os motores de dois tempos com injeção direta de combustível mais modernos, tem bom consumo, poluem pouco e tem desempenho até um pouco superior aos de quatro tempos, principalmente na aceleração.

Dois motores: é uma opção bastante usada em lanchas de pesca entre 24 e 35 pés. O ponto alto desse conjunto é a segurança, já que, no caso de pane em um dos motores, o outro segue conduzindo a embarcação, ainda que lentamente. Outra vantagem é a aceleração, porque tais motores significam mais torque. Os pontos negativos são o maior custo (tanto na compra quanto na manutenção) e o consumo, obviamente, maior.

Popa ou centro-rabeta?
Os motores de popa não ocupam espaço no cockpit, mas concentram o peso na traseira do barco, o que pode prejudicar o desempenho. Já os de centro–rabeta deixam o peso a bordo mais equilibrado e oferecem a opção do diesel. Mas são mais caros, mais pesados e precisam de mais potência para chegar à velocidade de um popa.

Três motores: o trio de popa praticamente só é usado em lanchas de pesca ou apaixonados pela velocidade. A principal vantagem é garantir grande performance sem roubar espaço de bordo. No entanto, os motores precisam ser muito bem instalados, porque podem gerar vibração no casco. Antes de instalar três motores, é preciso checar se o espelho de popa suporta o peso e o esforço de tal cavalaria.

Três de popa ou dois centro-rabeta?
Dois motores de centro–rabeta a gasolina consomem um pouco menos de combustível do que três de popa e distribuem melhor o peso a bordo. Mas são mais pesados, além de roubar espaço a bordo, o que é ruim nos barcos se o barco for de pesca.

Um, dois motores centro–rabeta, IPS ou Zeus?
Um motor de centro-rabeta: é o mais usado em lanchas de passeio de 24 a 32 pés, porque tem a vantagem da motorização a diesel, o que não acontece com os motores de popa. Além disso, deixa o casco mais estável, por não concentrar o peso do motor na parte de trás. Mas, quanto ao calado e à manutenção, os centro-rabeta perdem de goleada.

Rabetas simples ou hélices contra-rotantes?
A grande vantagem das rabetas com hélices contra–rotantes é anular o torque que o hélice transmite ao casco, diminuindo a tendência da lancha de derivar para o lado. Transmitem melhor a força do motor para a água, garantindo uma maior aceleração.

Foto: revista Náutica

Dois motores de centro-rabeta: é o conjunto ideal para lanchas de passeio entre 34 e 43 pés, que, quase sempre, tem uma boa casa de máquinas. Além de oferecer dupla opção de motorização (a diesel ou a gasolina), também facilitam as manobras, já que os dois motores podem ser acionados individualmente.

Diesel ou gasolina?
Os motores a diesel custam bem mais do que os a gasolina, mas são mais duradouros e econômicos. Em barcos acima de 40 pés, com exceção das esportivas, a opção deve ser pelo diesel, porque motores a gasolina não têm tanta força e exigiriam tanques bem maiores para garantir a mesma autonomia.

Dois ou quatro motores de centro-rabeta IPS ou Zeus: no sistema IPS e Zeus, as rabetas (móveis) ficam no fundo do casco e não no espelho de popa. O IPS usa hélices na frente da rabeta. No Zeus, a posição é convencional. Mas ambos são bem eficientes e suportam motores potentes, de até 700 hp. Podem ser usados em um ou dois pares (dois ou até quatro motores!).

Rabeta de fundo de casco ou eixo e pé-de-galinha?
Sistemas como o Zeus e o IPS garantem melhor desempenho a grandes lanchas, além de menor nível de ruído e maior economia de combustível do que motores de centro com eixo e pé-de-galinha. São, ainda, mais ágeis em manobras a baixa velocidade e permitem o comando por joystick.

Um ou dois motores de centro com pé–de–galinha?
Um motor de centro com pé–de–galinha: é o sistema de propulsão mais simples do mercado, composto por hélice, leme e um eixo preso ao motor. É o ideal para lanchas que buscam mais torque do que velocidade, como as que puxam esqui, e para aquelas que navegam em baixa rotação.

Eixo com transmissão em linha ou V drive?
A propulsão pé–de–galinha com transmissão em linha é mais comum em lanchas acima de 30 pés. Nela, o motor é instalado muito ao centro do barco, o que rouba espaço a bordo — mas não cria calado e é barato. Já na transmissão V drive, o motor fica na popa, mas voltado para a proa, de forma que o eixo faz um V. Tem manutenção fácil, mas não equilibra tão bem a lancha.

Dois motores de centro com pé–de–galinha: é um sistema bem simples, usado principalmente em lanchas acima de 30 pés, mas que deixa a desejar na eficiência. Sua velocidade máxima raramente passa dos 38 nós. Além disso, costuma perder agilidade com mar de popa, pois a baixa velocidade deixa o leme sem muita eficiência.

E para os veleiros?
Os motores de veleiros são os mesmos das lanchas, só que menos potentes. E, quase sempre, mais usados para recarregar as baterias. Veleiros de até 26 pés costumam usar pequenos motores de popa. Daí para a frente, de centro. Outra opção é o sistema sail drive, uma rabeta bem simples no fundo do casco, que é de fácil instalação e vibra bem menos que eixo e pé-de-galinha.