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Ana Barbachan e Fernanda Oliveira são ouro em Hyères no 470 feminino

Fonte: Clube dos Jangadeiros

A dupla olímpica Fernanda Oliveira e Ana Barbachan conquistou neste domingo (26) o título da etapa da Copa do Mundo de Vela (ISAF Sailing World Cup) de Hyères, na França.

Com a participação de 39 duplas na classe 470 feminino, as velejadoras gaúchas mostraram um bom desempenho durante as regatas classificatórias, iniciando a competição com uma vitória na primeira regata. A dupla ainda venceria também a sexta prova do campeonato, resultado que colocou Fernanda e Ana na liderança da classificação geral.

Na disputa da Medal Race, regata que reúne os dez melhores competidores, as atletas olímpicas fecharam com chave de ouro conquistando a segunda colocação, encerrando a competição com 45 pontos perdidos. As neozelandesas Jo Aleh e Polly Powrie (53 pp) ficaram com o segundo lugar e em terceiro ficou a dupla Camille Lecointre e Hélène Defrance (54 pp), da França.

A Copa do Mundo de Vela em Hyères foi realizada entre os dias 20 e 26 de abril e reuniu mais de 600 atletas e 400 barcos inscritos, nas dez classes olímpicas que estarão nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.

Confira o resultado final da competição.

Robert Scheidt é bronze na Copa do Mundo em Hyères

Fonte: Local

Recuperado de uma lesão no joelho esquerdo que o afastou das competições, Robert Scheidt voltou ao pódio da Copa do Mundo, em Hyères, reafirmando-se como um dos maiores nomes da vela no mundo. O velejador ficou com o quarto lugar na medal race, disputada neste domingo (26) na raia francesa, suficiente para conquistar a medalha de bronze. O australiano Tom Burton foi o vencedor, e o inglês Nick Thompson ficou com a prata.

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O vento soprou forte na raia francesa neste domingo (26), com rajadas de até 20 nós (37 km/h), tornando a decisão da Copa do Mundo ainda mais emocionante. Na classe Laser, os dez melhores velejadores da competição disputaram uma medal race rápida. Scheidt, precisando de apenas três pontos para alcançar o então terceiro colocado, o australiano Tom Burton, teve problemas na largada, mas soube aproveitar o vento e foi recuperando posições ao longo da prova, até ficar com o quarto lugar.

"Tive uma penalidade logo antes da largada, por isso fiquei em último durante toda a primeira perna da prova. Mas consegui me recuperar a tempo de chegar em quarto lugar. Terminar em terceiro lugar, vindo de uma lesão, é um grande resultado", explicou Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas (dois ouros, duas pratas e um bronze) e 14 títulos mundiais, entre Laser e Star. O brasileiro também comemorou a conquista da esposa, Gintare Scheidt, que ficou com a prata na Laser Radial.

A etapa francesa da Copa do Mundo apostou num formato mais enxuto, com apenas 8 regatas na fase classificatória e 40 velejadores na raia, entre os melhores do mundo na classe Laser. A competição é o primeiro evento deste ano analisado pelo conselho técnico da CBVela no processo de escolha da equipe olímpica brasileira nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016. Ainda estão na lista a etapa de Weymouth da Copa do Mundo, na Austrália, o evento-teste olímpico no Rio de Janeiro, a Semana Internacional de Vela do Rio e os Mundiais de classe.

"Estou bem satisfeito com a minha semana em Hyères. Consegui velejar em alto nível, sempre entre os primeiros, e brigando por medalha até o fim. Isso é algo muito positivo para o meu momento atual", analisou o velejador, patrocinado pelo Banco do Brasil, Rolex, Deloitte e Audi, com os apoios de COB e CBVela. "E sei que ainda tenho espaço para evoluir nas próximas competições, isso é o melhor."

O próximo desafio de Scheidt é a Semana Olímpica de Garda, disputada entre 12 e 17 de maio "no quintal de casa", na Itália. Será a última etapa de preparação antes do seu principal objetivo na temporada, o Mundial de Laser de Kingston, no Canadá, a partir de 29 de junho.

Classificação final

1. Tom Burton (AUS) - 49 pontos perdidos (2+[33]+3+2+11+5+1+21+4)
2. Nick Thompson (GBR) - 57 pp (8+[36]+9+6+6+13+3+2+10)
3. Robert Scheidt (BRA) - 66 pp (9+6+7+17+5+11+[22]+3+8)
4. Jesper Stalheim (SWE) - 69 pp ([33]+4+15+4+26+2+8+5+6)
5. Rutger Van Schaardenburg (NED) - 69 pp (1+13+16+9+4+10+[26]+4+12)
6. Nicholas Heiner (NED) - 79 pp (5+[24]+4+5+1+17+18+7+22)
7. Tonci Stipanovic (CRO) - 89 pp (3+[8]+6+8+3+8+6+41+14)
8. Charlie Buckingham (USA) - 97 pp (7+[31]+19+18+8+14+9+20+2)
9. Andy Maloney (NZL) - 98 pp (12+9+18+7+10+3+21+[25]+18)
10. Juan Ignacio Maegli Aguero (GUA) - 103 pp (14+[25]+8+16+12+22+4+11+16)

Maior atleta olímpico brasileiro

Laser
Onze títulos mundiais - 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004 e 2005 e 2013
*Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt
Três medalhas olímpicas - ouro em Atlanta/1996 e Atenas/2004, prata em Sydney/2000

Star
Três títulos mundiais - 2007, 2011 e 2012*
*Além de Scheidt e Bruno Prada, só os italianos Agostino Straulino e Nicolo Rode venceram três mundiais velejando juntos, na história da classe
Duas medalhas olímpicas - prata em Pequim/2008 e bronze em Londres/2012

Mais informações em www.robertscheidt.com.br

Twitter: @robert_scheidt
Facebook: Robert Scheidt

Fevers cancela regatas de Optmist, J24 e MT19 neste fim de semana

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O Diretor Técnico da Federação de Vela do Estado Carlos Henrique Deda De Lorenzi comunica o cancelamento de regatas.

A pedido da flotilha as regatas de Optimist previstas para os dias 25 e 26 de abril ficam canceladas.

Também, tendo em vista a realização da regata Porto Alegre - Tapes, com organização do Veleiros do Sul, nas datas de 25 e 26 de abril,  as regatas das classes Microtonner 19 e J-24, ficam canceladas. 

 

Obrigado Brasil...Volvo Ocean Race larga para os EUA

Fonte: Volvo Ocean Race

A maior regata de Volta ao Mundo do planeta se despede de Itajaí, em Santa Catarina, com desejo de quero mais. Até o vento não queria ir embora do Brasil e as seis equipes sofreram para entrar no Oceano Atlântico.

Eles partiram! A Volvo Ocean Race deixou o Brasil com destino aos Estados Unidos, neste domingo (19), depois de 17 dias na cidade de Itajaí, no sul do País. Os seis barcos terão pela frente toda a subida pelo Oceano Atlântico até a chegada em Newport, Rhode Island. Serão 9.278 quilômetros de regata e os vencedores devem cruzar a linha de chegada na cidade norte-americana no início de maio.

A largada da sexta etapa da Volta ao Mundo foi praticamente sem vento. Os barcos demoraram mais de uma hora para fazer um percurso curto de saída. Talvez a merreca de vento tenha sido um presente para o público, que lotou a Vila da Regata para ver seus heróis. O brasileiro André 'Bochecha' Fonseca, do MAPFRE, agradeceu o carinho e prometeu mais dedicação a bordo.

"Fiquei muito feliz com o carinho que tive dos brasileiros, que adotaram o time espanhol como favorito. Nós disputamos uma regata bastante complicada e os resultados mostram isso. Por isso é bom ter uma torcida maior", disse o brasileiro.

A sensação de todos era de quero mais. "Gostaria de ficar mais uma semana em Itajaí. Conseguimos descansar um pouco e curtir as praias, a comida e o povo local. Estamos prontas para a próxima", contou Carolijn Brouwer, velejadora do Team SCA. "A etapa será boa pra gente, principalmente nos primeiros dias com ventos um pouco mais fracos, ideais para as mulheres. A perna terá uns dez dias de regata próxima à costa brasileira e depois vamos passar pelos doldrums . É um desafio, mas a gente se preparou".   

A liderança é do Abu Dhabi, seguido pelo Dongfeng e Team Brunel na zona do pódio. "Temos um tripulante novo e um desafio de passar por uma etapa difícil. A regra é acreditar na estratégia porque os barcos estarão próximos. A meteorologia é traiçoeira", disse Bouwe Bekking, do Team Brunel.  "Tudo pode ocorrer. É só lembrar o que ocorreu com o time espanhol na edição passada. O Abu Dhabi lidera bem, mas ainda tem muito para rolar, inclusive mais uma travessia transatlântica".

Convidados ilustres, como a modelo Ellen Jabour e o tetracampeão Marcio Santos, seguiram a tradição de pular do barco após o contorno da última boia. "Sempre representei o Brasil e agora mais uma vez nesse desafio inusitado. Santa Catarina está de parabéns por sediar um evento deste porte".

O evento desembarcou pela segunda vez em Itajaí (SC) e mais uma vez teve índices surpreendentes de público.

VOR: Equipes escolhem o Abu Dhabi como adversário a ser batido

Fonte: Imprensa VOR

O placar geral da Volvo Ocean Race aponta uma vantagem confortável para o Abu Dhabi Ocean Racing, barco dos Emirados Árabe Unidos. Os árabes somam nove pontos perdidos, sete de vantagem sobre o Dongfeng Race Team, que está em segundo. Mas, como a modalidade é feita de improvisos, qualquer erro, por menor que seja, pode mudar os números de uma hora pra outra. Durante a coletiva dos sete comandantes da Volta ao Mundo, que ocorreu nesta sexta-feira (17), em Itajaí (SC), muitos queriam saber do líder do Abu Dhabi se as favas estavam contadas. Sem o oba oba característico do futebol para nós brasileiros, Ian Walker disse que ainda há muito mar pela frente. "A vitória na última perna foi importante para nós. Mas ainda falta muita coisa, quase a metade dos pontos e tudo pode acontecer até junho. Nossa estratégia será mantida até o fim", disse Ian Walker, comandante do barco árabe. "Nossa meta é vencer a Volvo Ocean Race".
 
 
O sistema de pontuação da Volta ao Mundo é simples: o vencedor soma um ponto, o segundo dois, o terceiro três e assim por diante. No final, quem tiver menos pontos é o campeão. O Dongfeng Race Team, que liderava o campeonato até a etapa quatro, teve um problema no seu mastro no caminho ao Brasil e foi obrigado a abandonar a regata naquele momento. Ganhou pontos que minaram sua liderança.
 
"Os oito pontos somados e perder a liderança, por consequência, foram terríveis. Agora está tudo muito igual na segunda parte da tabela. Vamos continuar velejando do mesmo jeito para tentar reverter a situação", falou Charles Caudrelier, comandante do Dongfeng. "Antes de sair da Nova Zelândia, a gente tinha oito pontos. Quando chegamos ao Brasil ganhamos o dobro".
 
Em terceiro na tabela está o Team Brunel, do experiente Bouwe Bekking. O time holandês soma 18 pontos perdidos. Para o velejador, que está em sua sétima Volvo Ocean Race, não dá para seu adversário comemorar. "Tudo pode ocorrer. É só lembrar o que ocorreu com o time espanhol na edição passada. O Abu Dhabi lidera bem, mas ainda tem muito para rolar, inclusive mais uma travessia transatlântica".
 
Bouwe Bekking citou o Telefónica, que na edição passada vencia a Volvo Ocean Race com folga na quinta etapa e, por resultados ruins e algumas quebras, perdeu a liderança e terminou em quarto lugar, fora do pódio.
 
A largada da sexta etapa da Volvo Ocean Race - Itajaí até Newport - será neste domingo (19), a partir de 14h. Neste sábado (18) está marcada a Team Vestas Wind In-port Race de Itajaí, a famosa regata local.
 
 
Classificação do campeonato
1º - Abu Dhabi Ocean Race - 9 pontos perdidos
2º - Dongfeng Race Team - 16 pontos perdidos
3º - Team Brunel - 18 pontos perdidos
4º - Team Alvimedica - 19 pontos perdidos
5º - MAPFRE - 20 pontos perdidos
6º - Team SCA - 29 pontos perdidos
 
MAPFRE ganha pontos e cai para quinto no geral
 
 
O time espanhol MAPFRE foi punido com o acréscimo de dois pontos por questões administrativas durante a quinta etapa da Volvo Ocean Race. A equipe fez reparos no casco e na retranca após a largada em Auckland. 
 
Um júri independente da ISAF - Federação Internacional de Vela - concluiu que os espanhóis quebraram as regras da classe Volvo Ocean 65, bem como as regras da regata. Segundo o documento oficial, todos os reparos precisam ser comunicados imediatamente à organização.
 
Os representantes do MAPFRE recorreram da decisão informando que o trabalho a bordo foi feito para reforçar a segurança. 
 
Em uma audiência separada, os representantes da ISAF Júri,autorizaram o Dongfeng a substituir a vela grande para a próxima perna, que começa no domingo (19). Os chineses tiveram que abandonar a etapa anterior por causa da quebra do mastro.

‘O Brasil não tem cultura náutica’, diz Lars Grael

Fonte: Economia SC, por Giovana Kindlein

O velejador medalhista olímpico Lars Grael disse em Santa Catarina, no Hotel Plaza Itapema Resort & Spa, que os entraves enfrentados no Brasil para o desenvolvimento do turismo náutico ocorrem por conta de preconceito. Segundo ele, há no Brasil uma imagem antiga e equivocada de que as marinas agridem o meio ambiente e que é preciso mudar isto para o país ganhar em geração de emprego, trabalho e renda. Ele participou nesse fim de semana dos eventos em terra da Volvo Ocean Race.

Admirado por sua história de superação após o acidente em 1998 quando perdeu uma perna, o velejador palestrou na Volvo Ocean Race, na Vila da Regata, em Itajaí, na noite de sexta-feira, dia 10, sobre suas dificuldades, preconceitos, vitórias, derrotas, e o próprio acidente. Para ele, a Volvo Ocean Race é uma constatação de tudo o que se pode fazer gerando emprego, trabalho e renda de forma sustentável. Ele conversou com o Portal Economia SC sobre o assunto:

Santa Catarina se ressente muito da falta de infraestrutura de grandes marinas e os empresários do setor náutico buscam uma solução. Qual é o caminho para se chegar ao mesmo nível internacional?

O problema é, sobretudo, cultural. O país não tem cultura náutica. Há um preconceito de que marinas agridem o meio ambiente. Um exemplo disso é Miami,que tem 65 pontes levadiças na cidade. No Brasil inteiro, nós não temos uma ponte. Você vê que a relação do ser humano com a embarcação é bem diferente. Falta para a gente desenvolver esta cultura e aprovar projetos que sejam equilibrados com relação ao meio ambiente. Isso é possível e é comprovado em vários países. Então há uma imagem antiga e equivocada em relação ao que é o desenvolvimento náutico. Isso tem que mudar. O Brasil poderia ganhar muito em geração de emprego, trabalho, renda, promovendo o turismo e o esporte náutico que vem a reboque.

A questão ambiental é, em alguns casos, considerada atrasada no Brasil. Como reverter essa situação para que o Judiciário e o Ministério Público tenham uma visão ambiental diferente?

A gente precisa virar a página que nós temos hoje de um ciclo vicioso para que possamos criar um ciclo virtuoso. Hoje, o que predomina é a ignorância. A ignorância com relação ao que representa você fazer um polo náutico e marinas. Os países escandinavos, os países nórdicos, e América do Norte mostram como souberam desenvolver bem marinas de forma absolutamente sustentável. É isso que falta no Brasil. A visão que a gente tem é a visão de algumas marinas equivocadas que eram predatórias. Tem que fazer um novo modelo.

Parece uma batalha: os empresários investidores de um lado, e os órgãos ambientais de outro. Como resolver isto?

Temos que ter um novo pacto para que a gente possa desenvolver de forma sustentável um novo padrão de marinas que seja aceitável aos padrões internacionais. Nós estamos desperdiçando esta oportunidade. Isto é lamentável.

Comparativamente, como está a vela brasileira em relação aos demais países?

Acho que no nível de competidores, a vela brasileira desde 1996 se colocou como país número 1 da vela mundial naquele momento, está entre os principais países da vela olímpica. Na vela pan-americana, o Brasil é hoje líder continental. Na vela oceânica, falta muito. O país é carente de estruturas náuticas e marinas. Há muito preconceito com relação ao conceito de marinas. As marinas modernas são equilibradas no aspecto ambiental, econômico e social. Acho que isto é importante, porque desenvolve toda a parte marítima e de cultura náutica que falta ao Brasil. Com isso, a gente pode atrair eventos e promover a imagem de um Estado maravilhoso como esse.

Qual é a sua opinião sobre a presença da Volvo Ocean Race no Brasil?

A Volvo Ocean Race é um evento único. Até existem outras regatas Volta ao Mundo, mas esta é a que reúne o mais alto nível técnico. É uma regata de absoluta superação, onde o valor humano é fundamental. Disciplina, espírito de equipe, coexistência com a natureza, tirar sempre o máximo do rendimento do barco, conciliando isso com segurança, forja um tipo de atleta marinheiro exemplar. E a gente vê, dentre eles, um brasileiro como o catarinense André (Bochecha) Fonseca na sua terceira experiência de volta ao mundo. Hoje, ele é o grande herói da vela brasileira.

Qual é o ganho que o Brasil terá com as Olimpíadas do Rio-2016?

O Brasil optou por sediar grandes eventos internacionais. Começou um ciclo com os Jogos Sul-americanos em 2002, Jogos Pan-americanos em 2007, Jogos Mundiais Militares em 2011, Copa do Mundo em 2014 e tem como grande evento, agora, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no ano que vem. É importante para a imagem do país, ao mesmo tempo em que atravessa uma crise econômica sem precedentes, o Rio de Janeiro vai ser uma nova cidade após as Olimpíadas, mas ainda enfrenta dificuldades, sobretudo, na agenda ambiental, que é muito preocupante e isso afeta justamente os esportes aquáticos e náuticos, como a vela, a maratona aquática e triathlon, onde nós estamos submetidos a uma condição ambiental lamentável.

O custo já está em quase R$ 38 bilhões, sendo que 57% desse montante são de recursos públicos. O senhor acha que vale todo esse investimento?

Eu acho que a gente já passou do ponto de discutir isto. O Brasil se ofereceu se candidatou a sediar uma Olímpiada e é um investimento altíssimo. O importante agora é trabalhar de forma correta aquilo que sempre falam na moda do legado. Nós temos cidades que tiveram uma grande transformação urbana, que foi o legado de Barcelona, o legado ambiental esportivo, por exemplo, de Sidney, e no Reino Unido que fez todo um trabalho do que fazer com toda a estrutura pós-olímpiada e temos também na Grécia, que é um legado de prejuízo econômico. Então evitar repetir o erro de Atenas e copiar a virtude dos outros.

Os brasileiros acompanham a luta dos cariocas para tentar limpar a baía de Guanabara…

Não foi por falta de aviso. Desde o processo de candidatura a gente avisava que o local ideal para vela era Búzios. Búzios, no mês de agosto, época dos Jogos Olímpicos, o regime de ventos é muito mais forte e constante e a água é limpa e não dá tempo de sujar. A Baía de Guanabara tem um regime de ventos mais fraco, variável e água imunda, e nós imaginávamos que não daria tempo de limpar. Fizeram uma promessa de despoluir 80% da baia de Guanabara, uma promessa que não tinha uma ação planejada conjunta, ou seja, era uma retórica vazia. Agora falta um ano para a olimpíada e a realidade é aquela – a baía imunda. Então, O que podem fazer são medidas paliativas para reduzir a quantidade de detritos e lixo flutuante para evitar um escândalo de uma regata cheia de lixo, o que seria um absurdo, falando-se de Jogos Olímpicos.

No que Santa Catarina deve prestar atenção para que não aconteça aqui o que aconteceu no Rio de Janeiro?

Eu acho que toda cidade de Santa Catarina tem que ter na agenda prioritária, o saneamento. Acho que o compromisso com metas em saneamento é fundamental. Se você tem um crescimento que não é sustentável, não adianta você colocar prédios e condomínios se você vai depois sujar a praia e a baía. Acho que esse crescimento aqui no Estado parece que tem uma lógica melhor com um local maravilhoso para esportes náuticos. Basta ver essa água limpa com ventos constantes. Tem tudo para que seja um polo náutico internacional cada vez mais importante.

Voltando para a questão humana, existem grandes homens inspiradores no Brasil que servem de exemplo para muita gente e você é um deles. Quais são os seus projetos hoje?

Acho que todos nós temos uma contribuição a dar à sociedade. O Brasil vive hoje uma crise de ordem ética, cívica e moral sem precedentes. Então, a gente busca, nós que somos pais e mães, valores para passar para os nossos filhos. E quando a gente procura valores referenciais, a gente encontra, sobretudo, no campo da cultura, da arte e no esporte.

O atleta carrega consigo uma responsabilidade muito grande de formar opinião para o bem e para o mal. Então, acho que você ser um agente multiplicador de valores ser uma responsabilidade importante para todos nós, eu tento ajudar como atleta que ainda sou. Continuo competindo na vela na Classe Star, na vela oceânica, vendo os nossos filhos e sobrinhos desenvolvendo no esporte. Desde 1998 nós temos o projeto Grael em Niterói (RJ) democratizando a arte da vela. Quando eu vejo o meu parceiro na vela, o Samuel Gonçalves, um ex-aluno que veio de lá do Rumo Náutico, um jovem que veio da rede pública de ensino, de origem carente ser um velejador campeão sul-americano brasileiro é motivo de orgulho.